A previsão de gastos totais com saúde no Brasil, para 2022, 2023 e 2024 são de R$ 889,2; R$ 934,9; e R$ 980,3 bilhões, respectivamente, isto é, cerca de 10% do PIB do Brasil. O sistema de saúde brasileiro é caro, complicado, disfuncional e pouco resolutivo. Tem alto custo e baixa qualidade. Apesar de gastar muito, obtêm resultados fracos em muitas medidas fundamentais de saúde. Infelizmente, os investimentos em saúde parecem mal direcionados: nosso sistema se concentra em doenças, cuidados especializados e tecnologia, em vez de cuidados preventivos. A plataforma Valor Saúde Brasil mensurou que 53% do custo assistencial hospitalar se traduz em desperdício. As pessoas recebem cuidados em uma variedade de ambientes sem nenhuma coordenação, o que leva a duplicação de cuidados e custos mais elevados. Por exemplo, o gasto das três esferas com Atenção Primária à Saúde (APS) foi de R$ 57,7 bilhões, que corresponde a 21,70% em relação ao gasto público total (SciELO – Saúde Pública – 2022). A solução para estes problemas, a meu ver, não é simples. Com tantas coisas em jogo e grupos de lobby bem financiados por interesses concorrentes prontos para esta batalha, está longe de ser claro se uma reforma no sistema poderá acontecer em breve. A questão daqui para frente é se haverá a confiança, a vontade e a visão necessárias para construir algo melhor. Não será fácil, mas a alternativa – continuar a reclamar enquanto o sistema imploda – é inaceitável. Por isso, faz-se necessária a criação de uma Política Nacional de Saúde Pública, é o que defendemos. |
*Mara Machado é CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), que há quase 30 anos capacita pessoas e contribui com as instituições de saúde para reestruturar o sistema de gestão vigente, impulsionar a estratégia de inovação e formar um quadro de coordenação entre todos os atores decisórios. |