Uma facada, um tiro, e agora uma cadeirada podem virar o jogo político. Bolsonaro venceu as eleições porque quiseram assassiná-lo. Trump pode virar o jogo eleitoral nos Estados Unidos porque houve uma segunda tentativa para eliminá-lo. Marçal pode solidificar sua posição no topo das pesquisas após ter sido agredido com uma cadeirada.
São fatos. Aqui não entra torcida ou ideologia. O que realmente importa é entender se esses eventos podem influenciar ou não o resultado das pesquisas e, principalmente, das eleições que estão batendo à nossa porta. As pessoas que tentaram tirar os candidatos da disputa mal sabiam que estavam, na verdade, agindo como autênticos cabos eleitorais.
As pesquisas
Pablo Marçal estava encurralado. Depois que começou a propaganda política pelo rádio e televisão, os seus adversários passaram a fustigá-lo por todos os meios. Com as mídias sociais cassadas, sem tempo no horário eleitoral gratuito, sem coligação política, sem padrinho importante, seu nome deixou de aparecer com o destaque que precisava.
As pesquisas apresentam resultados contraditórios. Enquanto o Datafolha e Paraná Pesquisas indicam estagnação e até uma leve queda de Marçal, o Instituto Veritá o coloca à frente com crescimento notável e liderança. E a diferença apontada não é pequena. Marçal chegou a 32,1%, enquanto Boulos está com 26% e Ricardo Nunes com 18,1%.
Esse avanço pode ser atribuído ao seu desempenho nos debates. Com seu comportamento beligerante e tiradas espirituosas, que desestabilizam os concorrentes e jornalistas, tem conseguido aparecer e ter seu nome em evidência.
Fato extraordinário
Ele precisava de um fato extraordinário para continuar no noticiário. Datena atuou como trampolim, dando ao adversário a divulgação na hora certa. A cadeirada em Marçal rapidamente se tornou manchete em jornais, revistas e programas de rádio e TV.
Alguns tentam culpá-lo pelo ocorrido, mas essas acusações para muitos não têm sentido. Afinal, ele foi a vítima da agressão. Ah, mas ele xingou e tirou Datena do sério. Sim, e desde quando os adversários não trocam xingamentos durante as campanhas? Esses fatos são recorrentes há muito tempo.
Bem, diante do inusitado, o que não falta é polêmica, disputa e argumentação pró e contra na arena política.
Alguns pontos a considerar
Mesmo que boa parte da imprensa, que se opõe a ele, argumente que seu comportamento provocativo causou o desfecho, estão falando dele o tempo todo. As próximas pesquisas talvez mostrem as consequências desse episódio. Já disseram que a sua rejeição, que já é alta, deve aumentar.
Com ou sem a resistência de parte do eleitorado, o destaque que conquistou na mídia a poucos dias das eleições parece ter vindo na hora certa para lhe garantir alguns pontos e se cacifar para a próxima etapa do pleito. Embora Marçal afirme que vencerá no primeiro turno, essa confiança soa mais como retórica de campanha.
Disputas imprevisíveis
As disputas políticas são imprevisíveis. Bolsonaro estava em situação desfavorável na campanha presidencial. Surgiu, então, a facada salvadora. Durante dias não se falou em outro assunto. E os oponentes tiveram de puxar o freio de mão, pois não poderiam continuar agredindo uma pessoa que estava hospitalizada. Foi suficiente para vencer as eleições presidenciais.
Nos Estados Unidos, Trump também estava levando desvantagem nas pesquisas. O efeito eleitoral do tiro que ele levou na orelha foi se dissipando até desaparecer. Agora surge a notícia de uma nova tentativa de assassinato.
Provavelmente nenhum outro fato poderá superar essa condição de vítima em que ele se encontra no momento. Esse é outro episódio para ser observado com lupa nas próximas pesquisas.
Esses acontecimentos inesperados mostram que nada em política é definitivo. Um simples sopro pode fazer os ventos mudarem rapidamente de direção. Ainda há tempo para novas reviravoltas. É só esperar.