A inveja é a infelicidade pela felicidade alheia.
A inveja é um sentimento controverso, pois indica que algo positivo desperta algo negativo, ou seja, a inveja consome o invejoso porque faz dar valor apenas ao que está além do seu alcance.
Não existe inveja boa já que esse termo está sempre relacionado à destruição, a tentar esvaziar as capacidades do outro, a esgotar suas conquistas.
A inveja é um desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é do outro.
Porém, a inveja é um sentimento presente em todos nós, é uma característica totalmente humana.
Segundo a psicóloga Erika Ricci, a inveja não é doença, é desvio de caráter.
A inveja nada mais é do que a irmã gêmea da falsidade.
O mecanismo principal da inveja é o ódio e a raiva.
O invejoso não aceita o sucesso do outro e em seguida vem a frustração, sentimento que leva ao ódio, à raiva e às ações premeditadas destruidoras de “puxar o tapete”.
Muita gente não assume que sente inveja por ser esse sentimento algo ruim.
O psiquiatra Flávio Gikovate disse que todos nós sentimos inveja em determinados momentos, porque a inveja deriva de duas coisas essencialmente humanas: a vaidade e o hábito que temos de fazer comparações com outras pessoas.
Nós só podemos nos sentir vaidosos e destacados quando temos a referência do outro.
Sentir inveja faz parte do processo de evolução da espécie humana.
Não podemos eliminar a inveja, pois teríamos que eliminar de vez a vaidade, o que não é possível, essa é uma característica humana, e além de parar a comparação com os outros.
O indivíduo com autoestima tende a ser menos invejoso por estar mais realizado como pessoa.
Nós somos uma salada mista de emoções, contradições, desejos, medos, inseguranças e precisamos ter a humildade de admitir isso, justamente para que possamos crescer.
Temos que aprender a lidar com a inveja que é um sentimento inerente à espécie humana.
Aquilo que mais nos incomoda, geralmente, é o que mais queremos ter ou ser.
A maioria tem inveja, pouquíssimas pessoas têm menos inveja.
Quando a gente se compara com alguém e a pessoa está melhor do que a gente, gera uma humilhação.
Portanto, nós nos sentimos pessoalmente agredidos. Tendemos a ter uma reação agressiva, dando agulhadas no outro.
Mas o mais adequado é se afastar da pessoa que nos causa inveja para não provocá-la.
Aquilo que nós sentimos inveja, portanto, é o que queremos para nós mesmos. Com a inveja podemos crescer ao tentarmos lidar com ela.
Precisamos aprender a lidar com a inveja, pois ela é uma característica do ser humano e é um dos sentimentos mais difíceis de serem aceitos.
A admiração é diferente da inveja, é a disposição emocional que traduz respeito e consideração.
Ao sentirmos inveja de alguém ignoramos características respeitáveis desta pessoa que devem ser consideradas, e que poderiam servir de modelo.
Na sociedade é presente um ódio à riqueza e ao sucesso alheio. O sentimento de inveja se tornou hoje o sustentáculo de várias políticas públicas.
O que realmente impulsionou as políticas públicas da dupla Chávez/Maduro na Venezuela? Políticas de confisco da propriedade privada dos mais ricos, de controle de preços, de encarceramento de comerciantes, de redistribuição de renda, e de estatizações de lojas, supermercados e hotéis.
Sem dúvida, foi o ódio à riqueza e ao sucesso alheio, ou seja, a inveja.
Com efeito, o mesmo aconteceu com a Revolução Cubana, ou seja, todas as políticas destrutivas implantadas pelo governo cubano foram fundamentadas no evidente sentimento da inveja à riqueza alheia.
Até mesmo nas principais e mais avançadas democracias ocidentais, o apelo à inveja é recorrentemente utilizado por políticos em suas campanhas eleitorais para atiçar as massas.
Hoje, a inveja é um sentimento arraigado em nosso espírito público, ou seja, grande parte das políticas públicas baseia-se na inveja, dependem dela e, acima de tudo, estimula.
Lamentavelmente, qualquer pessoa bem-sucedida terá de enfrentar a inveja de outros e não só em relação aos bens materiais que alguém possua por merecimento por ter trabalhado ou por herança, mas também, por ser feliz. A felicidade incomoda muito os invejosos.
Devemos aprender a lidar com a inveja em nós mesmos e a existente nos outros para podermos crescer como pessoa e sermos mais realizados.
“A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas.”
Miguel de Cervantes (1547 – 1616), romancista, dramaturgo e poeta castelhano.