O futebol feminino começou a ser disputado oficialmente nos Jogos Olímpicos de 1996. De lá para cá, já se passaram vinte e oito anos, sem que o Brasil tenha conquistado, pelo menos uma vez, uma medalha de ouro nesta modalidade. Mas, em duas oportunidades, o Brasil bateu na trave. Foi finalista em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, Grécia, e, em 2008, em Pequim, China. Fora isso, sempre fomos desclassificados antes da decisão final.
Neste ano, no entanto, podemos ficar otimistas quanto a essa possibilidade. É que, pela primeira vez na história, o Brasil conseguiu montar um time de excelente nível técnico e ainda conta com um técnico (Arthur Elias) que conhece profundamente esse esporte e que já ganhou dezenas de campeonatos e torneios disputados em nosso país como técnico do Corinthians. Além disso, a atual seleção brasileira atravessa uma fase ascendente que surpreende a todos e nos passa muita confiança na sua possibilidade clara de ser campeã. Essa imagem é reforçada ainda pelo fato de contar com jogadoras de excelente nível técnico que mostram em campo uma aplicação tática e física que surpreende a todos.
Neste sábado, dia 10 de agosto, às 12 horas (de Brasília), no Parc de Prince, Paris, o Brasil encara o time feminino dos Estados Unidos, que tem um currículo muito superior ao nosso. Pelas estatísticas oficiais, em 31 jogos disputados, as norte-americanas ganharam 24, empataram quatro e só perderam três jogos para a equipe brasileira. Ou seja: o aproveitamento dos Estados Unidos contra o Brasil é de 82 por cento (o Brasil tem 14). A equipe americana marcou 62 gols e o Brasil apenas 25. Se fôssemos apoiar nossa expectativa nestes números, desistiríamos de torcer pelo time brasileiro. Mas, como disse anteriormente, temos sim competência para chegar lá. Nosso momento técnico e físico nos dá o direito de sonhar. As americanas são competentes, continuam bem, mas nós atravessamos a melhor fase de nossa história.
Por isso, volto a afirmar: temos sim chance de vencer, desde que haja o empenho necessário durante cada minuto do jogo final. Temos de encarar esta partida como se fosse um jogo de vida ou morte. Se pensarmos assim, o ouro pode cair em nosso colo. A maior prova de que nosso time evoluiu muito nos últimos anos foi o resultado do último jogo entre Brasil e Estados Unidos. As norte-americanas “suaram sangue” para vencer nosso time em jogo válido pela Copa Ouro, disputado na Califórnia, EUA, neste ano. Já naquele jogo, faltou muito pouco para o Brasil vencer.
O último jogo disputado pelo Brasil nesta Olimpíada foi no dia 6 de agosto, terça-feira, quando nosso time venceu a campeã mundial de 2023, a fortíssima Espanha, por 4 a 2. Paredes (contra), Gabi Portillo, Adriana e Kerolin fizeram os gols brasileiros. Foi um show de bola das brasileiras (daí o nosso otimismo quanto à possibilidade de um bom resultado sábado no Parc de Princes). A melhor jogadora do Brasil neste jogo foi Portillo, que substituiu Marta e desmontou o sistema defensivo espanhol. Marta, por sinal, já cumpriu seus dois jogos de suspensão e, portanto, está habilitada a entrar em campo sábado diante dos Estados Unidos.
Mas há uma dúvida que o técnico Arthur Elias ainda não decidiu. Marta vai começar o jogo diante das americanas ou vai ficar no banco para entrar num momento específico do jogo? Fosse o técnico, eu escalaria Marta desde o início. Não só pela sua indiscutível qualidade técnica (apesar de envelhecida), mas também por seu poder de liderança, que pode ser fundamental para vencer um jogo tão difícil como esse diante do time norte-americano.
Em tempo: ainda faço questão de destacar a goleira brasileira Lorena. Para mim, a melhor do torneio. Um paredão. Até agora, os Estados Unidos já ganharam 4 medalhas de ouro no futebol feminino, além de uma de prata e uma de bronze. O Brasil ganhou duas de prata.