As eleições norte-americanas sempre geram preocupações no que diz respeito à política econômica e bélica para outras nações. E neste ano trouxeram alguns aspectos novos e impressionantes. O atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vinha demonstrando certa falta de cognição, cometendo gafes e preocupando alas do Partido Democrata, já que até então era seu candidato oficial à reeleição. Até que resolveu renunciar, em 21 de julho, à candidatura, após enorme pressão que sofreu, tanto dentro do partido como entre apoiadores de sua campanha. Se isso não bastasse, uma semana antes (13/07), o ex-presidente dos EUA e candidato do Partido Republicano, Donald Trump, havia sofrido um atentado que, por pouco, não lhe custou a vida, ao levar um tiro que feriu sua orelha direita durante um comício na Pensilvânia. O atirador, Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto pelos atiradores de elite do Serviço Secreto americano, 26 segundos depois de disparar contra Trump. Na ocasião, um espectador do evento também morreu e outros dois ficaram feridos. Ou seja, dois momentos drásticos nas eleições estadunidenses de 2024 que revelam um país em total dissonância com aquilo que se espera da principal potência do planeta. De um lado, democratas (que se dizem humanitários, mas que jogam Biden na vala dos excluídos), e de outro, republicanos, que após o atentado, são alçados à condição de ‘salvadores da pátria’ de um país dividido. Por mais erros que Biden tenha cometido, seja pela idade ou problemas de saúde, só o fato de partidários e correligionários democratas virem a público e dizerem que o ‘velhinho’ não tem mais condições de governar coloca o partido numa verdadeira encrenca. Até ‘ontem’, ele tinha condições de ser chefe de estado da maneira ‘mais justa possível’, e a partir de agora deixa de fazê-lo porque sua idade não lhe garante condições cognitivas? O que aconteceu de uma hora para outra? E o menosprezo à sua dedicação, força, coragem e determinação? Onde ficam? Só porque o ‘velhinho’ agora tem 81 anos? Ele não poderia passar por um processo de recuperação de uma melhor condição física para o próximo debate? Não!!! Os algozes democratas foram impiedosos com Joe Biden, de maneira que ele ficará marcado para sempre como o presidente com algum tipo de demência, e que teria também governado o país de maneira ‘sabe-se-lá-como’. A verdade é que tudo isso veio a público e à tona porque Donald Trump continua crescendo nas pesquisas, com cerca de 7 pontos percentuais à frente de Biden. E com a nova candidatura, muito provavelmente da vice-presidente Kamala Harris, há uma expectativa de que essa situação seja revertida. No entanto, se juntarmos os dois fatos, um complementa o outro. Trump sofre uma tentativa de assassinato e torna-se o mais novo herói nacional, e do outro lado, o ‘velhinho’ é posto para fora da campanha presidencial. Seja quem for o seu substituto, há no ar um cheiro de que não é dessa maneira que se tratam figuras emblemáticas e poderosas, sejam de onde forem. Assim como não se matam pessoas impunemente, principalmente em um país que carrega uma história de tentativas, ou assassinatos mesmo, de líderes tão importantes para a humanidade. E mesmo que o próximo candidato do Partido Democrata tenha as melhores intenções, ele ou ela terá que suar muito a camisa para vencer essa eleição, que ficará marcada como a do herói republicano ou a dos democratas impiedosos.
Por Por Renato Albuquerque: Jornalista e Radialista