Há momentos em que tive vontade de largar tudo e dizer: dane-se.
Verdade. Tenho pensamentos recorrentes de fazê-lo em diversos momentos.
Já pensei em me aposentar e até mesmo morar fora do Brasil. Isso até pode ocorrer, mas por outros motivos.
Todavia, o que me faz não esmorecer é saber que é exatamente isso que o sistema, o mecanismo corrupto, que está impregnado no Brasil, quer.
Todos os dias ele está à nossa volta. Em todo lugar, público e privado. Estava escondido, nas trevas, de onde provém todo mal.
Pensamos que o mecanismo tivesse morrido com a ação da Lava-jato. Mas não. Ele apenas foi ferido e retrocedeu. Ele é forte e está em todos os locais. O que ele mais queria era uma brecha, um acontecimento, algo relevante que impactasse o Brasil para poder retornar e com toda força, e foi exatamente o que ocorreu.
A pandemia foi o que o mecanismo mais queria. Deu-lhe força e o momento propício que tanto aguardava para mostrar sua cara e dentes. Os atores são conhecidos de todos. Sequer há necessidade de nomeá-los. E eles possuem amigos influentes e colaboradores. Além deles, um exército de interessados, desavisados, influenciados e fanáticos cegos, que ainda ostentam a bandeira vermelha, que tanto sangue fez correr no mundo.
Ao olhar para frente tenho muito receio do que está por vir. Não por mim, mas pelo meu país, pelos mais necessitados, muitos envolvidos e enganados por promessas surreais e que nunca serão cumpridas.
Mocinhos passaram a ser os bandidos, após uma lavagem cerebral coletiva através dos maiores e mais influentes meios de comunicação de massa, que, agora, querem, de todas as formas, levá-los ao cadafalso. Isso mesmo. Algo que era previsto porque estamos no Brasil. Já vimos isso na Itália, na década de 90, na Operação Mãos Limpas. Lá, não foi muito diferente. E porque poderia deixar de sê-lo no país do ganho fácil, do jeitinho brasileiro, da impunidade e da corrupção.
É inacreditável, mas até mesmo processos com réus confessos, que devolveram milhões de reais desviados do erário público ou ganhos com muita propina para funcionários públicos inescrupulosos, estão sendo anulados e o dinheiro arrecadado devolvido com os pedidos de desculpas do Poder Judiciário, que viu conluio entre os membros do Ministério Público e o então Juiz Sérgio Moro, algo que três desembargadores e cinco ministros do Superior Tribunal de Justiça não observaram.
Enfim, quem ama o Brasil não pode se entregar ao desânimo. Ou acreditamos em dias melhores ou o mecanismo corrupto vencerá e tomará de assalto nossa pátria e o futuro das gerações vindouras, comprometendo seriamente a vida digna de nossos filhos e netos.
O Brasil precisa dos patriotas, dos honestos, dos decentes, dos crentes em Deus, independentemente da religião.
O mal não pode prosperar.
Felizmente, o brasileiro de bem acordou e está com os olhos bem abertos e atentos ao que está a ocorrer e por vir.
De forma ordeira, sem tumultos, badernas, violência ou grave ameaça, vestindo verde e amarelo, portando bandeiras do Brasil, cornetas e outros apetrechos do tipo, pais, mães, avós, filhos e netos, clamando pela observância da democracia, lembrando que todo poder emana do povo e tudo o que se faz na administração e serviços públicos tem a ele como destinatário.
O Brasil não mais pode ter seu patrimônio público dilapidado e desviado para o bolso daqueles que dele deveriam cuidar e aplicar em prol do seu sofrido povo. E muito menos transformado em um regime ditatorial de esquerda, cujos exemplos são muitos em nosso continente, que reprime o povo, cala os contrários, torna miserável a população, trucida a família e persegue os religiosos, dentre outros projetos em andamento típicos de países dessa ideologia nefasta, que matou milhões de pessoas pelo mundo afora.
Sigamos em frente com Deus no coração e a vontade de não permitir que os desmandos, corrupção, malversação do dinheiro público e exacerbada displicência no trato da coisa pública, possam destruir o nosso país.
Que Deus proteja o Brasil e os brasileiros.
Autor: César Dario Mariano da Silva – Procurador de Justiça – MPSP. Mestre em Direito das Relações Sociais – PUC/SP. Especialista em Direito Penal – ESMP/SP. Professor e palestrante. Autor de diversas obras jurídicas, dentre elas: Comentários à Lei de Execução Penal, Manual de Direito Penal, Lei de Drogas Comentada, Estatuto do Desarmamento, Provas Ilícitas e Tutela Penal da Intimidade, publicadas pela Editora Juruá.