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O papel de São Paulo na construção do Brasil que precisamos – por Milton Flavio

A inovação tecnológica exerce papel relevante para o desenvolvimento econômico de um país, especialmente em um contexto de rápidas e intensas transformações planetárias e desafios cada vez maiores e que impactam fortemente na capacidade de garantirmos ao cidadão bem-estar, desenvolvimento inclusivo e justiça social.

Estudo recente capitaneado pela Confederação Nacional da Industria (CNI), em parceria com a Federação da Industria do Ceará (FIEC) e o Observatório da indústria-Ceará, cita que pelo Índice Geral da Inovação (IGI), elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual, edição de 2024, o Brasil ocupa o 50º lugar no ranking geral, dentre 133 economias avaliadas, estando em 1º Lugar para a região da América latina e Caribe. Em 2020 o Brasil ocupava a 62ª posição.

Com o objetivo de mapear de forma quantitativa os principais aspectos relacionados à inovação, o estudo da CNI e seus parceiros utilizou-se do Índice de Inovação para as 27 Unidades Federativas (UFs) e nas 5 grandes regiões do Brasil. Na sua sétima edição o Índice de Inovação dos Estados confirmou São Paulo na primeira posição seguido, pela ordem, dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Esse resultado repetiu os encontrados nas duas últimas edições.

Para permitir uma melhor compreensão das estruturas, contextos, ambientes organizacionais e institucionais que afetam o sistema de inovação o índice estrutura-se em 2 dimensões: capacidade e resultado. Na dimensão capacidade são mensurados os fatores que possibilitam a ocorrência da inovação, como a disponibilidade de recursos e a criação de soluções de produtos e processos inovadores. A dimensão resultado objetiva o produto inovação em si, a consequência final do sistema inovador. No que tange ao Índice de Capacidades os primeiros colocados foram São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. No Índice dos Resultados, mais uma vez, o estado de São Paulo foi o primeiro colocado, seguido de Sta. Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

O Capital Humano, quantificado pela mão de obra disponível, é básico para o processo produtivo e inovação. Neste quesito São Paulo também lidera tanto quando observamos este índice considerando o critério de graduação e/ou a pós-graduação.

Todos sabemos que o processo de inovação é longo e requer etapas de pesquisa que envolve, além da qualificação profissional, altos investimentos e infraestrutura instalada capaz de dar suporte a projetos desta natureza. Da mesma forma, a introdução de novidades no sistema produtivo gera incertezas quanto ao sucesso e rentabilidade da solução projetada, afasta parceiros e impõe uma participação maior do poder público como investidor e financiador da inovação, contribuindo para reduzir barreiras e criar um ambiente de negócios mais favorável ao investimento privado. O indicador criado para avaliar Investimento e Financiamento Público em Ciência e Tecnologia (C&T) levou em conta variáveis como recursos públicos destinados a C&T, população e subvenção a startups, entre outros. O ranking de 2025 foi liderado, novamente, por São Paulo, com índice 1,0, seguido por Paraná e Santa Catarina com índices próximos de 0,6.

Estimativas mostram que o Sistema Paulista de CT&I conta hoje com mais de 60 instituições de ensino superior públicas e privadas, 26 institutos de pesquisa governamentais e 15 institutos de pesquisa privados sem fins lucrativos, além de milhares de empresas inovadoras

Na área de inovação a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é reconhecida como um dos principais instrumentos de apoio a startups no país. Elaborado pela Consultoria Emerge, Cubo/Itaú e a CAS o Relatório Deep Techs Brasil aponta que a alta concentração de deep techs em São Paulo decorre da disponibilidade de recursos para este fim. O Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP foi destacado no relatório. Mais, a FAPESP finalizou sua primeira chamada pública para selecionar fundos de investimentos em empresas de base tecnológica com o compromisso de aportar recursos em empresas participantes ou egressas do PIPE.

A FAPESP financiou 27.095 bolsas e Auxílios à Pesquisa em 2024, número 18% maior que no ano anterior e recorde na série histórica. O valor desembolsado com fomento, de R$ 1,7 bilhão, subiu 30%. Os valores das bolsas, de mestrado e pós-doutorado, foram reajustados em até 45%.

Essa atividade e apoio substantivo da FAPESP à pesquisa e inovação tecnológica no estado de São Paulo são garantidos pela transferência de 1% da receita tributária do Estado para Fundação conforme o determinado pela Constituição Estadual de 1989.

Esses números e resultados são muito relevantes e refletem a importância e maturidade com que os governos de São Paulo têm tratado a universidade pública, os institutos públicos de pesquisa e, especialmente, a FAPESP em toda a sua trajetória.

Acreditar no Sistema Paulista de CT&I é apostar na capacidade que temos de superar desafios e garantir as condições necessárias para que São Paulo possa continuar liderando este processo que acena com um futuro melhor para as novas gerações.

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