A Escola, em seu projeto pedagógico, se apropria das informações que a família oferece para poder beneficiar a criança.
A instituição educacional é detentora de um saber que a família não possui, e, como tal, é autoridade.
Encontra-se no preâmbulo da Declaração dos Direitos da Criança, promulgada pelas Nações Unidas em 1948, que a sociedade deve empenhar-se para oferecer o melhor de seus esforços à criança.
Pela Constituição de 1988, a educação infantil passa a ser considerada como direito do cidadão e dever do Estado no Brasil, numa perspectiva educacional.
A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e é voltada para crianças de zero a cinco anos de idade.
Há estudos que revelam que a maioria das crianças que ingressam na escola antes dos sete anos apresentam resultados superiores em relação às que entram a partir dessa idade.
A família é o primeiro espaço de convivência da criança e, por isto, é um lugar de referência primordial para sua aprendizagem e desenvolvimento.
A família se reveste de relevância por ser o primeiro espaço social, cultural, afetivo e de acolhimento da criança.
A criança necessita de uma atenção especial nos primeiros anos de vida, pois é o período no qual a criança se desenvolve, é a fase de descobertas do mundo, ver, ouvir, sentir, tocar.
A educação infantil é fundamental e essencial porque desenvolve um papel de destaque no desenvolvimento humano e social da criança, ou seja, ela vai evoluir de forma cognitiva, tendo contato com diversos objetos e com a arte, cultura e a ciência, dando vazão à sua criatividade na escola.
A criança já traz para escola um conhecimento prévio, tem uma história e a sua própria linguagem.
Lamentavelmente, no Brasil, a educação infantil, como políticas públicas, só desponta no século XX, demonstrando a falta de cuidado com a infância brasileira.
Obviamente, o ensino infantil é um complemento da educação familiar e nessa fase, as crianças começam a interagir com pessoas que estão fora do seu círculo familiar e comunitário, principalmente por meio da realização de jogos e atividades que envolvem a ludicidade.
Nesse período que envolve a educação infantil, a criança vai lidar com diferenças importantes, como o desenvolvimento da personalidade e da autonomia, a criação de laços de amizade e as descobertas em diferentes áreas do conhecimento.
Essa educação é uma base para as demais etapas da educação formal.
O sucesso da vida escolar e individual está ligado ao correto aproveitamento dessa etapa de vida, a infância.
Enfim, a educação infantil no Brasil é um direito da criança, sendo o Estado obrigado a disponibilizar espaços e profissionais adequados para atendê-la corretamente.
Porém, não basta oferecer uma vaga em creche, é preciso ofertar educação de qualidade.
Por isso, o professor da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, Daniel Santos, afirma que a educação infantil é hoje um amplificador de desigualdade ao invés de um redutor de desigualdade.
Enfim, na educação infantil a escola deve oferecer para a criança o que a família não oferece.
Os alunos em situação de maior vulnerabilidade deveriam se beneficiar mais estando na escola do que fora dela.
Sendo a educação infantil a primeira etapa da educação básica, ela estabelece as bases da personalidade humana, da inteligência, da vida emocional, da socialização.
E com certeza, as primeiras experiências da vida são as que marcam mais profundamente a pessoa.
A pobreza afeta a maior parte das crianças no Brasil e retira de suas famílias as possibilidades mais primárias para educá-las. Isso tem que ser enfrentado com políticas públicas abrangentes que envolvam a saúde, a nutrição, a educação, a moradia, o trabalho e o emprego, a renda e os espaços sociais de convivência, cultura e lazer, pois todos esses elementos são constitutivos da vida e do desenvolvimento da criança.
“Criar uma criança é fácil, basta satisfazer-lhe as vontades. Educar é trabalhoso.”
Içami Tiba (1941-2015), psiquiatra, educador e escritor especializado em psicoterapia familiar.