O combate ao desperdício de alimentos é um imperativo de sustentabilidade e competitividade para a indústria de alimentos, indo além da responsabilidade social. A redução de perdas pode ser estrategicamente apoiada pela inovação, nutrição e sustentabilidade. A solução para minimizar o descarte em escala industrial reside na adoção de ferramentas avançadas, como a Inteligência Artificial (IA) e a automação, instrumentos cruciais para a otimização de processos.
A tecnologia permite que o setor de alimentos à base de grãos se mantenha competitivo e promova uma significativa redução do desperdício de matérias-primas. O uso da IA na previsão de demanda é um divisor de águas, pois ao orientar dinamicamente o ritmo de produção, é possível minimizar o risco de superprodução e, consequentemente, evitar o descarte de recursos.
Além disso, a automação e a robótica supervisionadas pela IA são essenciais no controle de qualidade. Elas garantem a consistência do produto e reduzem drasticamente os erros humanos. Soluções inovadoras, oferecidas por parceiros da indústria, atuam diretamente na linha de produção, prevenindo problemas como quebras de massa, que geram custos com reprocessamento ou descarte.
O impacto da IA não se restringe à fábrica. Na logística e no transporte, a inteligência artificial otimiza a roteirização e monitora a temperatura e a umidade em tempo real. Essa vigilância rigorosa é vital para preservar a qualidade dos alimentos ao longo da cadeia de suprimentos e, assim, minimizar perdas logísticas.
A responsabilidade do setor em combater as perdas não termina na entrega. A tecnologia também está transformando o consumo, ajudando o cidadão comum a evitar o desperdício de alimentos no lar. Eletrodomésticos inteligentes e assistentes virtuais na cozinha auxiliam o consumidor, sugerindo receitas baseadas exatamente nos ingredientes que estão disponíveis, garantindo o melhor aproveitamento e evitando o descarte .
Outra iniciativa fundamental é a logística reversa e, nessa frente, um exemplo notável é o “Mãos Pro Futuro”, programa criado por associações de diversos setores industriais que já reciclou mais de 1 milhão de toneladas de resíduos e gerou mais de R$114 milhões com a comercialização do material. O objetivo é dar destino correto às embalagens pós-consumo, investindo em cooperativas e associações de catadores, garantindo que os materiais retornem à cadeia produtiva. Além de promover a reciclagem, a iniciativa gera renda e dignidade para esses profissionais e reforça a importância de um sistema circular e socialmente responsável.
Ao integrar tecnologias avançadas e iniciativas colaborativas, a indústria de alimentos otimiza seus processos, da origem à mesa do consumidor, e promove um setor mais eficiente, responsável e pautado pela sustentabilidade.
*Claudio Zanão é Presidente Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi)