Volto de duas semanas em visita a cidades chinesas, com a melhor das impressões desse gigante asiático. Tudo na China é imenso: o território, a dimensão das metrópoles, o senso de civismo responsável daquela população que mostrou a viabilidade de uma superação exitosa.
É uma sensação de crença no patriotismo verificar que ali não existe lixo nas ruas. Nem um pedaço de papel, nenhuma garrafa pet, nada de isopor, de embalagem erradamente descartada. Ao contrário, ali o resíduo sólido é convertido em energia e o derradeiro substrato se transforma em tijolo ecológico.
Tudo isso resulta de um senso realista e responsável de cada chinês, em relação às suas obrigações para com o Poder Público. O dinheiro do povo tem de ser investido em necessidades verdadeiras, como saúde, educação, mobilidade, cultura, esporte, entretenimento. Não há sentido em destinar parcela considerável do orçamento para a coleta daquilo que desperdiçamos. Como lembrou o saudoso Papa ecológico, o jesuíta Francisco, em sua Encíclica “Laudato Si”, não existe o conceito de “jogar fora”. Tudo o que desperdiçamos fica dentro do único planeta em que vivemos e que nos acolhe generosamente: a Terra.
Aprender com a China que é possível reduzir o consumo, o desperdício e eliminar o descarte errático e ignorante, significa tornar nossa cidade mais limpa, mais agradável, propiciando qualidade de vida muito superior àquela em que nos acostumamos, que é conviver com a insanidade da imundície ininterruptamente produzida.
Aprendamos com os chineses e nos tornemos mais responsáveis por nossos desperdícios. Todos ganharão. Nós mesmos e as futuras gerações.
Adotar a solução das URES – Unidades de Recuperação de Energia é o caminho já experimentado e comprovado na China, que responde às nossas urgências de revisão do sistema de destinação dos resíduos sólidos. Convenci-me disso na inspeção pessoal às usinas chinesas. Procure conhecer melhor essa estratégia e colabore com a reformulação de nossas posturas que podem ser preconceituosas por falta de adequada noção do que deve ser feito.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo.