O CAMINHO PARA O BRASIL É REDUZIR JUROS, AUMENTAR SALÁRIOS, REINDUSTRIALIZAR E FORTALECER OS BRICS E O MERCADO INTERNO
A crise eleitoral nos Estados Unidos e da candidatura do presidente Joe Biden tem gerado um cenário de instabilidade política e econômica não apenas nesse país, mas também em escala global. A incerteza em torno da viabilidade de sua candidatura e as divisões internas no Partido Democrata aumentaram a onda de especulação financeira, que já estava em curso, impactando diretamente na desvalorização das moedas na América Latina.
Os reflexos dessa instabilidade são particularmente sentidos na América Latina, onde as moedas de vários países têm sofrido significativa desvalorização em relação ao dólar.
Na semana seguinte ao debate e à elevação da taxa de juros, os fundos de ações americanas registraram uma entrada de $10 bilhões, enquanto os fundos de títulos do Tesouro dos EUA atraíram $5 bilhões. Se os fluxos normais para fundos de ações dos EUA são cerca de $5 bilhões por semana, durante um período de instabilidade e aumento de juros, esses fluxos podem subir para $15-20 bilhões por semana, conforme relatado por EPFR.com.
O dólar americano valorizou-se 3% em relação ao real brasileiro, 2.5% em relação ao peso mexicano e 2.8% em relação ao peso colombiano. Um aumento de 1,5% no DXY (Índice Dólar – DXY) durante uma semana de alta volatilidade pode ser observado, provocando uma maior demanda por dólares.
O S&P 500 subiu 2% na semana após os eventos, enquanto o Dow Jones teve um aumento de 1.8%. O volume de negociações na NYSE e NASDAQ pode aumentar consideravelmente. Dados históricos mostram que, durante crises políticas ou aumentos de taxas de juros, os volumes de negociação podem subir em até 20-30% em comparação com períodos de menor volatilidade.
Com base nos dados acima, pode-se inferir que houve uma significativa fuga de capitais especulativos para os EUA. O influxo combinado de $15 bilhões em fundos de ações e títulos, aliado à valorização do dólar e ao aumento dos índices de mercado, sugere que investidores globais, incluindo aqueles de economias emergentes, estão reposicionando seus ativos em resposta à instabilidade política nos EUA e à elevação das taxas de juros e à possibilidade de ganhos especulativos de curto prazo.
No caso do Brasil, o real tem sido uma das moedas mais afetadas por esse ataque especulativo, refletindo a escalada dos juros nos EUA para perto de 4,50%. Esse aumento nos juros americanos é um fator de atração de capital, levando investidores a buscarem lucros na especulação com o dólar, o que pressiona ainda mais as moedas emergentes para baixo. A situação é agravada pela incerteza sobre quando o Federal Reserve, o banco central dos EUA, poderá cortar os juros, uma decisão que depende dos dados da política e da economia americanas que têm mostrado sinais claros de aceleração da especulação na Bolsa e no Dólar. O mundo já assistiu esse filme.
Dados do Banco Central do Brasil
O Banco Central do Brasil publica relatórios regulares sobre os fluxos de capital estrangeiro, incluindo investimentos em portfólio (ações e títulos de dívida) e investimentos diretos. Esses relatórios são fundamentais para entender os movimentos de capital.