“Canto do Uirapurú exige silêncio, porque o Banco do Estado de São Paulo, presente onde possa ser útil a você e à economia do país, neste momento vai chamar o nosso correspondente!”
Nesta hora, entrava o som dos Titulares do Ritmo, com cada um cantando os tons da música: “Ban, Ban, Ban, Ban, Ban, Ban… Bandeirantes no ar!” E as vozes de Celso Guisard Farias, ou Franco Neto, sempre com uma frase de impacto. Lembro-me de uma, preferida do chefe dos Titulares da Notícia, Alexandre Kadudnc: “Os grandes são grandes porque talvez você esteja de joelhos”. E vinha o noticiário.
Os meninos do Moacir “Coelhinho” já tinham passado pelo teletipo, pelos rádio-escutas, pelo higrômetro Hoover e dado forma às notícias; meninos, Fausto (Camunha), James (Rubio), Lázaro (Roberto) e José Carlos (Guerra). Era uma equipe, um time dos melhores, que contava ainda com os repórteres Ferreira Neto, Ney Gonçalves Dias e Bahia Filho, com seus gravadores Geloso à mão. E gente nos teletipos, nos telefones, circulando para lá e pra cá entre as salas do departamento, levando e trazendo notícias. Tanta gente querida, tantos meninos sonhadores como eu, alguns já no céu, tocando a rádio de lá com o Kadunc no comando.
Penso, se me permitem, que na linda homenagem prestada àqueles que fizeram parte dos anos de ouro da Rádio Bandeirantes, pelo aniversário, faltou algo a respeito dos Titulares da Notícia e do líder, Alexandre Kadunc. Peço licença, com todo respeito, para mostrar aqui alguma coisa do Canto do Uirapurú, sem silêncio, mas com destaque necessário a Kadunc e a seus meninos de ouro. Eles, junto com todo o “Scratch do Rádio” (que não era só o Fiori), foram a alavanca que deu à PRH-9, Rádio Bandeirantes, a mais popular emissora paulista, o grande destaque e crédito na audiência.
Nunca esquecendo de que havia um meio de campo competente, com Clodoaldo José, que nos orientava e unia a todos. A Bandeirantes vivia de equipes, de gente que se esforçava para dar o melhor de si no conjunto da audiência.
O jornalismo de hoje é outro tipo, outra pegada. Não se pode afirmar, sem erro, que ontem tenha sido ou que hoje é melhor. Cada tempo no seu uso, cada roca no seu fuso. Como radialista, fui testemunha de tudo e hoje sou, apenas, um velho com algumas recordações. A importância da frase: direção geral, Dinamerico Aguiar, valeu para o ego do jovem da época.
O tempo foi ensinando e o velho lembra com saudade, dos amigos. E de Alexadre Kadunc e seu Karmann Ghia, que não era o citado pelo Hélio Ribeiro. Aquele agnóstico, que certa manhã me procurou e confidenciou que tinha ido ao Zé Arigó, que este fizera uma operação no olho de alguém e colocou a pelotinha tirada do olho em sua mão.
Inesquecível Kadunc, jornalista, criador das melhores coisas na Rádio Bandeirantes. Abraços… Um dia a gente se encontra para um café, no Pão Kent ou no Pandoro, aí do céu.. Ah! Kadunc… Infeliz a era que perdeu o seu líder.