O CRESCIMENTO PUJANTE DO CRIME ORGANIZADO NO BRASIL E A INÉRCIA DO PODER PÚBLICO por Jorge Lordello
Para falar sobre a origem do crime organizado no Brasil, necessariamente, precisamos voltar no tempo e relembrar o começo do jogo do bicho, no início do período republicano.
A jogatina foi criada em 1892, pelo Barão João Batista Viana Drummond, fundador do Jardim Zoológico no Rio de Janeiro.
Para melhorar as finanças da entidade, foi criada uma loteria em que o apostador escolhia um entre os 25 bichos do zoológico.
Cada bicho era representado por quatro números consecutivos, compreendidos entre 00 e 99. Haviam 25 bichos numerados de 01 até 25 por ordem alfabética. Ao final do dia, os organizadores do jogo revelavam o nome do bicho vencedor e afixavam o resultado num poste.
Rapidamente, esse jogo foi ganhando o gosto popular e já se podia ver os pontos de apostas espalhados pela cidade.
“Com a morte do Barão de Drummond, após 15 anos, o governo da época tornou o jogo do bicho ilegal, caracterizando como contravenção penal.
Somente nos anos 30, um integrante da Portela/RJ, Natalino José de Nascimento, o seu Natal, entrou de cabeça no mundo desse jogo ilegal e montou sua banca de jogo do bicho. Após ganhar muito dinheiro, resolveu investir na sua escola de samba do coração, foi assim que surgiu a figura do bicheiro patrono.
Importante salientar que o jogo do bicho permanece em todo Brasil até hoje, mesmo sendo ilegal.
Já a facção criminosa Comando Vermelho, nasceu em 1979, no presídio de Ilha Grande, formada por assaltantes e presos políticos.
Na época de sua fundação, o objetivo maior era cobrar por melhorias nas cadeias.
O Primeiro Comando da Capital(PCC), tem seu início na casa de Custódia de Taubaté/SP, em agosto/93, tendo como principal função, após alguns anos, faturar alto com a venda de drogas.
É importante deixar claro, que, atualmente, o PCC atua fortemente também no roubo de cargas, assaltos a bancos, carros fortes, contrabando de armas de fogo e já ingressou na quadrilha do PIX.
Estima-se que a organização fature em torno de R$ 10 bilhões por ano.
O modelo empresarial do PCC passou a ser copiado em várias regiões do país.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontam que 53 facções criminosas estão espalhadas pelo país.
Ou seja, todo o extenso território nacional sofreu outra divisão territorial, muito diferente daquela que organizou os 27 estados da federação.
*Agora temos 53 centros de banditismos que gerenciam os 8.514.876 km² de extenso da terra brasilis.
Em contrapartida, no Congresso Nacional, vemos discussões comesinhas no plenário, brigas por picuinhas, gracinhas inoportunas, uso do púlpito para agressões teatrais em busca de likes, esforço para criar vídeo polêmico que viralize no whatsapp. Muito bate boca e pouco ou quase nenhum resultado efetivo no combate ao crime organizado.
Enquanto isso, os criminosos “trabalham” duro 365 dias por ano, de forma coesa, sem férias, paralisações e recessos, visando cada vez mais o lucro ilegal a qualquer preço.
JORGE LORDELLO
Doutor Segurança
-Pesquisador Criminal
-Escritor com livros publicados em 28 países
-Palestrante e Conferencista
-Atuou como Delegado de Polícia por mais de 26 anos
-Apresentador dos programas Operação de Risco e Hora de Ação na RedeTV
-Contato jlordello@uol.com.br