Segundo o filósofo romano Lúcio Aneu Sêneca, as instituições fiscais são os
tendões da República, sem elas, a República se torna paralítica.
Através da história da civilização, muitos estados-nação se formaram, alguns
tornaram-se impérios dominando parte do mundo civilizado. Entretanto, como
tudo na história da humanidade, esses estados tiveram o seu fim em algum
momento, ou apenas reduziram-se a pequenas expressões regionais.
Basicamente, o fim de uma potência geopolítica está mais ligado ao seu colapso
fiscal do que à depauperação do seu poder bélico ou mesmo devido a uma
eventual crise da sua organização politica.
Portanto, enquanto uma nação se equilibrar fiscalmente ela permanecerá viva e
pujante. Entretanto, há nações forjadas exclusivamente pelo interesse das suas
oligarquias, que organizam o país para saciar os proveitos políticos e econômicos
próprios, explorando os recursos naturais e a sua população, sempre mantida
ignara e abúlica.
Ao longo da história dessas plutocracias sempre existiram alterações politicas e
divergências entre os plutocratas, alternando-se no poder, mas o resultado geral é
o mesmo, exploração econômica, abuso social e o atraso e a pobreza endêmicas.
O processo de tirania das oligarquias é iterativo, a mediocrização do ensino, a
cooptação cultural e a formação ideológica da casta docente com o fito de
instrumentalizar as novas gerações.
Nessa dinâmica político-administrativa o
Fisco é a base estratégica, pois sem recursos financeiros não há funcionabilidade
administrativa e tampouco política. A atividade fiscal deveria ser a arte dos
plumeiros, retirar as penas dos gansos sem fazê-los sofrer. Entretanto, nesses
regimes plutocratas, em face de uma legislação medíocre e suspeita, a atividade
fiscal está mais para arte do talho de depenar os que têm menos voz,
principalmente através de um regressivo sistema impositivo sobre o consumo da
população.
Nesse contexto o Fisco não é considerado um órgão de estado,
tampouco uma instituição de justiça fiscal, mas sim um instrumento de poder a
serviço das oligarquias políticas e econômicas que controlam a nação. Assim
sendo, as instituições fiscais são comandadas e organizadas pelos títeres
nomeados pelos poderes hegemônicos para manterem as vantagens fiscais da
plutocracia. Objetivamente, a instituição fiscal é mais uma coletoria publicana do
que um instrumento de equidade tributária, sendo apenas um cão de guerra para
extorquir o populacho servil.
Nessas instituições exacionais não há meritocracia, existe sim a
instrumentalização de pessoas e de funções com o único fito de manter a
exploração impositiva e a servidão tributária de um povo parvo e manso, sempre
alijado das decisões políticas fundamentais, mas regando como seu sangue, suor
e lágrimas as polpudas usuras das oligarquias que, de fato, governam a pobre
nação