A quiropraxia é uma ciência da saúde que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento de disfunções do sistema muscular e articular, com impactos diretos na qualidade de vida da população. Ainda assim, apesar de seus benefícios comprovados, a prática segue sendo acessível a uma parcela limitada da população brasileira. Essa realidade nos leva a uma reflexão urgente: como tornar a quiropraxia mais acessível e presente nas políticas públicas de saúde?
Em um país com grandes desigualdades sociais, falar em equidade na saúde é mais do que necessário — é um compromisso ético. A quiropraxia, muitas vezes vista como um tratamento complementar ou “de luxo”, precisa ser entendida como uma aliada essencial na promoção da saúde preventiva. O acesso restrito, atualmente concentrado nos grandes centros urbanos e em clínicas particulares, limita o potencial transformador dessa abordagem.
Um dos grandes méritos da quiropraxia é seu foco na prevenção e no tratamento complementar de dores crônicas, especialmente as de origem postural, muscular e articular ou associadas a desequilíbrios na coluna vertebral. A dor lombar, por exemplo, é uma das principais causas de afastamento do trabalho no Brasil e sobrecarrega diariamente os atendimentos no SUS. Ampliar o acesso à quiropraxia significaria desafogar o sistema público de saúde, ao oferecer uma alternativa eficaz, segura e duradoura para um número expressivo de pacientes.
Outro ponto importante é a abrangência etária da técnica. A quiropraxia pode — e deve — ser aplicada desde os primeiros meses de vida até a terceira idade. Em crianças, contribui com o desenvolvimento motor e correção postural. Em bebês, os ajustes suaves podem contribuir para o desenvolvimento neuromotor e ajudar em questões como refluxo, cólicas e dificuldade de sono. Em adultos, ajuda a manter o alinhamento e prevenir lesões. Nos idosos, melhora a mobilidade, reduz dores articulares e contribui diretamente para a autonomia e bem-estar. Trata-se, portanto, de um cuidado integral, que acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida.
Além disso, vale ressaltar que os benefícios da quiropraxia vão além do alívio da dor. Estudos indicam que pacientes que adotam cuidados regulares com a coluna tendem a apresentar melhora na qualidade do sono, no desempenho físico e até no humor e na concentração. A quiropraxia também pode atuar de forma preventiva no rendimento de atletas e na reabilitação de pacientes com limitações motoras, o que amplia ainda mais seu campo de aplicação dentro da saúde pública.
Acreditamos que é possível — e necessário — ampliar o alcance da quiropraxia por meio de iniciativas públicas, convênios com universidades e inclusão em programas de atenção básica à saúde, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Incentivar o conhecimento e a formação de novos profissionais, fomentar pesquisas, e garantir políticas de incentivo são passos fundamentais para integrar a quiropraxia ao cenário nacional de promoção da saúde.
A democratização da quiropraxia não é apenas uma pauta da categoria profissional, mas um passo concreto rumo à construção de um sistema de saúde mais equilibrado, preventivo e humano. A saúde não pode ser privilégio — deve ser um direito acessível a todos.