O Programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs), da FAPESP consolida uma nova forma de articulação entre pesquisa científica, gestão pública e inovação no Estado de São Paulo. Criados para enfrentar desafios concretos da população paulista, os CCDs reúnem universidades, institutos de pesquisa, órgãos governamentais e, de forma desejável, empresas e organizações não governamentais em projetos de impacto direto sobre políticas públicas, desenvolvimento econômico e qualidade de vida.
A chamada atual prevê apoio a projetos com duração de três a cinco anos e conta com uma previsão de investimento total de R$ 200 milhões. Cada proposta deve apresentar metas mensuráveis e indicadores de impacto, além de resultados esperados em transferência de tecnologia, capacitação, difusão de conhecimento e criação de novas empresas. O modelo é o de cofinanciamento: os parceiros devem aportar contrapartida equivalente ao valor solicitado à FAPESP. Num momento de incertezas, é particularmente tranquilizador ver que a comunidade científica paulista demonstra esperança no futuro e se aventura em novos projetos e na formação de pesquisadores.
“Essa confiança em nossa missão é essencial para fazer da ciência um instrumento de desenvolvimento nacional que é o objeto central deste evento”.
Destacou no lançamento da quinta Chamada, Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
Da terapia celular a segurança pública
Lançada em 2019, a primeira chamada selecionou dez centros, então organizados como Núcleos de Pesquisa Orientados a Problemas (NPOPs). Um dos destaques é o Núcleo de Terapia Avançada (NUTERA), que deu origem a primeira fábrica de produtos celulares da América Latina com capacidade de produzir células T-CAR para tratamento de neoplasias linfoides. O projeto envolve instituições como o Hemocentro de Ribeirão Preto, Fundação Butantã, Instituto Butantã e USP.
A segunda chamada, em 2021, aprovou 18 CCDs, com pesquisas em áreas que vão do desenvolvimento de biofármacos à inovação urbana e segurança hídrica. Entre eles estão o Centro para o Desenvolvimento em Xenotransplante e o Centro para Desenvolvimento de Biofármacos (CTS-CEVAP), envolvendo USP, IPT, Unesp, Unifesp, Instituto Adolfo Lutz, Instituto de Infectologia Emílio Ribas, entre outros parceiros públicos e privados.
Terceira, quarta e quinta chamadas
A terceira chamada, lançada em 2023, selecionou 21 novos centros com investimentos de aproximadamente 130 milhões de reais. O Centro de Inteligência de Dados em Saúde Pública (CID-SP Emergências), por exemplo, busca agilizar o atendimento da Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde no estado (Cross) que recebe diariamente milhares de solicitações de consultas, exames e transferência de pacientes com casos mais graves para hospitais de alta complexidade. Parcerias entre nossas Universidades, Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência permitiram desenvolver e aprimorar desde os exoesqueletos, as cadeiras de rodas motorizadas até o uso da IA para quebrar barreiras de comunicação.
Em 30 de setembro de 2025, a Agência FAPESP anunciou a criação de 34 novos CCDs no total — somando os aprovados na terceira e na quarta chamada. Na relação dos novos centros aprovados na quarta chamada constatamos a diversidade e amplitude dos desafios a serem enfrentados, passando de CCDs que tratam de Cidades resilientes a inundações, de Inovação e Solução para transição energética em municípios aos Centros de Desenvolvimento Cenas Abertas de Uso de Drogas e para o estudo da Saúde mental de adolescentes e jovens estudantes de música (Projeto Guri).
Já a quinta chamada, lançada em 31 de outubro de 2025, recebe propostas até 3 de março de 2026.
Os temas estratégicos sugeridos pelos órgãos públicos constam no edital, embora outras áreas de relevância científico-tecnológica possam ser consideradas.
Seleção e avaliação
O processo de seleção envolve três etapas:
- Habilitação,
- Enquadramento,
- Análise de mérito e impacto, conduzida por especialistas e pelos órgãos públicos parceiros.
O resultado da quinta chamada deverá ser divulgado em setembro de 2026.
Pesquisa orientada a impacto
Com prazo de até cinco anos e metas avaliadas periodicamente, os CCDs são hoje uma das iniciativas mais relevantes na aproximação entre ciência e políticas públicas no país. Ao fortalecer a colaboração entre pesquisadores, gestores e empresas, o programa consolida um modelo inovador de ciência orientada a problemas, capaz de gerar conhecimento, tecnologia e benefícios sociais de forma integrada.










