O fato que vou narrar, aconteceu no Festival de Inverno de 1973. Quanto aos Festivais de 1971 e 1972, fui o Coordenador tendo como Diretor Artístico o saudoso Paulo Bonfim. Já em 1973 fui o Coordenador, tendo como Diretor Artístico o Maestro Eliazar de Carvalho. Por ideia do Eleazar em 1973, teríamos pela primeira vez bolsistas.
‘Quantos pretende trazer Eleazar?” Perguntei eu.
E a resposta foi: “Uns 300.”
A logística foi uma luta, mas deu tudo certo, felizmente. Entre outras regras, aquele que não se apresentasse até meia noite de 30 de junho, no Grupo Escolar que transformamos em hospedagem, estaria desligado e voltaria para o seu local de origem. Adaptamos uma sala em dormitório para aqueles que por qualquer razão voltaria para a sua cidade no dia seguinte.
Meia noite e meia, chega um pretenso aluno, diz ele, inscrito no curso de maestro, na portaria do Grupo. Eu ainda estava por lá. Barbudo me disse que vinha da Paraíba, que o carro havia quebrado e teve de pegar carona em caminhão para chegar até Campos do Jordão. Perguntei o que fazia na Paraíba, me respondeu ele ” lido com couro”. Com os olhos mandei-o para o quartinho de retorno.
Uns dois dias depois, conversando com o Eleazar, lhe disse: “apareceu um senhor no dia da apresentação, fora de hora, querendo fazer o curso de maestro.” Disse ainda ” trabalhava lá na Paraíba, com couro, acho que sapato, cinto etc.” o Eleazar que havia trazido maestros internacionais para este curso me respondeu: Ricardo este rapaz é um dos melhores alunos do curso, disse, mais como?Completou o Eleazar ele é o maestro do Coral da Universidade de João Pessoa.
Aprendi:” realmente as aparências enganam”, não tire conclusões precipitadas.