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A vacina do Butantan inaugura uma nova era na saúde pública brasileira – por Beatriz Ciglioni

A aprovação da Butantan-DV pela Anvisa — a primeira vacina de dose única contra a dengue no mundo — é mais do que um marco científico: é um divisor de águas histórico, nascido dentro de uma instituição pública brasileira e impulsionado por decisões políticas que colocaram a vida acima das disputas ideológicas. O Instituto Butantan, órgão do Governo do Estado de São Paulo, entrega ao mundo uma resposta inédita para uma das doenças que há décadas desafia sistemas de saúde e coloca milhões de vidas em risco.

Para quem vive a enfermagem, a saúde e a linha de frente, como eu, estudante da área, este não é apenas um acontecimento técnico — é uma vitória humana. A dengue nunca foi uma estatística abstrata. Ela chega nos prontos atendimentos com febre alta, dor intensa, vômitos, desidratação, plaquetas baixas e medo. Chega nas famílias, nos bairros, nas casas. Um imunizante capaz de proteger com apenas uma dose muda o destino de milhões.

E essa conquista não aconteceu por acaso. Ela foi possível porque houve alinhamento institucional: o Governo de São Paulo estruturou, financiou e priorizou o Butantan; e o Governo Federal agiu rapidamente para incorporar o imunizante ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, médico infectologista, tem expressado de forma clara que o Brasil precisa retomar a confiança na ciência e devolver protagonismo à vigilância epidemiológica. A trajetória dele na saúde pública — da assistência à gestão — trouxe ao debate um olhar humano e técnico: Padilha sabe o que uma internação por dengue representa, conhece o impacto da doença nos serviços e entende a urgência de ampliar a imunização. Sua visão tem sido decisiva para acelerar a incorporação da vacina e articular estratégias de comunicação e combate às fake news, que tanto dificultam a adesão da população.

Há ainda um elemento simbólico e decisivo: o Brasil tem um médico na Vice-Presidência da República, o Dr. Geraldo Alckmin. Ter dois médicos — Alckmin e Padilha — influenciando diretamente as decisões federais de saúde significa que o país está guiado por gestores que conhecem a realidade hospitalar, o desgaste físico e emocional dos profissionais, o drama das famílias e as urgências que a enfermagem e a medicina enfrentam todos os dias.

É diferente quando alguém que esteve no consultório, na UTI e no pronto-socorro participa das grandes decisões de Estado. A sensibilidade é outra. A prioridade é outra. O ritmo é outro.

E, acima de tudo, o protagonismo do Instituto Butantan demonstra como o Estado de São Paulo pode, sim, liderar cientificamente o mundo. O Butantan não entregou apenas uma vacina — entregou a primeira vacina de dose única contra dengue do planeta. Entregou soberania. Entregou tecnologia. Entregou futuro.

A vacina do Butantan é fruto de oito anos de estudos, mais de 16 mil voluntários, pesquisas publicadas nas revistas mais prestigiosas do mundo e um parque tecnológico que coloca São Paulo na vanguarda global da biotecnologia. Ela protege quem nunca teve dengue e quem já teve. Reduz internações. Evita óbitos. Simplifica campanhas. Alivia sistemas de saúde. E prova que investimento público, quando bem conduzido, é capaz de transformar a vida das pessoas.

Como estudante de Enfermagem, vejo nessa conquista uma esperança concreta. Vejo menos lotação em pronto atendimentos. Vejo menos famílias angustiadas. Vejo menos profissionais sobrecarregados. Vejo, acima de tudo, um país retomando a confiança em sua própria capacidade de inovar, produzir ciência e proteger vidas.

O Brasil merece esse avanço. O mundo precisava dessa inovação.
E o Instituto Butantan, orgulhosamente paulista e brasileiro, mostrou que ciência pública, quando respeitada, tem força para mudar destinos.

Beatriz Ciglioni
Estudante de Enfermagem – Universidade Cruzeiro do Sul
Diretora da São Paulo TV

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