Eu cresci ouvindo de meu pai, que não era palmeirense, que a conquista da COPA RIO pelo Palmeiras em 1951, foi a redenção do futebol brasileiro. O povo, amante do futebol, tinha sofrido uma grande decepção quando, um ano antes, nossa seleção perdeu a copa do mundo para o Uruguai.
No ano seguinte, pela primeira vez, a FIFA reuniu no Brasil oito dos principais times da época, no mundo. Os jogos foram realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo, aproveitando o sucesso financeiro e de público. As equipes disputantes eram consideradas as melhores do futebol mundial e foi denominado – TORNEIO INTERNACIONAL DE CLUBES CAMPEÕES – COPA RIO.
Foram dois jogos finais entre Palmeiras e Juventus da Itália. O primeiro foi ganho pelo time brasileiro, o segundo resultou em empate e o Palmeiras foi o campeão. O Maracanã estava lotado, não só de palmeirenses, mas também de torcedores brasileiros que comemoraram a vitória do time brasileiro. Um ano depois do fracasso de nossa seleção, enfim a vitória consagradora.
As manchetes dos jornais e das rádios pelo mundo, em sua maioria, trataram o torneio como o primeiro campeonato mundial de clubes. No Brasil, teve festa em muitos lugares com o povo saindo as ruas para comemorar. O trem que levou o time do Palmeiras para São Paulo teve que parar em várias cidades porque todos queriam saudar os campeões e ver a COPA RIO. Na capital paulista, desfilaram em carro aberto do Corpo de Bombeiros.
Cinquenta anos depois, em 2001, o então presidente do clube, Mustafá Contursi, resolveu fazer uma grande festa e reuniu os campeões de 51. Ao mesmo tempo, contratou um dos principais jornalistas esportivos do Brasil, não torcedor do Palmeiras, para realizar uma ampla pesquisa sobre a COPA, Arnaldo Branco Filho.
Branco e Carlos Lupo foram para Europa entrevistar e pesquisar sobre o torneio de 51. Aqui no Brasil, Lucas Neto e Márcio Trevisan tocaram o trabalho. Um importante conselheiro do Palmeiras, Roberto Frizzo, intelectual apaixonado pelo time, se ofereceu para acompanhar Branco e sua equipe no exterior, o que foi aceito e de grande valia, pois falava vários idiomas. Sem qualquer ônus financeiro, pois pagou todas as suas despesas e facilitou muito as entrevistas realizadas com dirigentes de outros clubes e da FIFA, que disputaram a COPA RIO.
O trabalho foi encerrado em 2003 e resultou num amplo livro histórico e documental, provando que aquele o Torneio Internacional de Clubes Campeões realizado no Brasil em 1951, ganho pela Sociedade Esportiva Palmeiras, foi o primeiro campeonato mundial de clubes.
O documento foi entregue à FIFA e em 8 de junho de 2014 numa reunião, o Comitê Executivo da entidade oficializou, como consta na ata da sessão 31, o Palmeiras como o primeiro Clube Campeão do Mundo. Um detalhe, esse comitê é o único que pode tomar esse tipo de decisão, na organização do futebol mundial. Recentemente o ex-presidente Mustafá Contursi e o jornalista Arnaldo Branco Filho se reuniram com alguns jornalistas para pôr um ponto final nessa história.
Mustafá reafirmou toda a história e lembrou, com emoção, o dia 22 de julho de 1951.
“Eu era menino, passava com a minha família férias de meio de ano nas praias da cidade de Santos. O que vi e a emoção que senti naquele dia, nunca mais esqueceram. Na avenida Presidente Wilson, principal da orla da praia teve até corso de carros e uma grande comemoração. As pessoas usavam as folhagens caídas das palmeiras que enfeitam o lugar e balançavam numa alusão a vitória do Palmeiras. Estava com outros garotos amigos e resolvi também comemorar no hotel que estávamos. Comprei 25 garrafinhas de Soda Champagne Antártica e brindamos ao Campeão Palmeiras. Verdade é que acabei tomando uma bronca da minha mãe, mas valeu”.
Quis o destino que cinquenta anos depois fosse Mustafá o presidente do clube e o idealizador de uma grande festa em homenagem ao Jubileu de Ouro da Copa Rio. Naquele dia, ele e todos palmeirenses presentes puderam brindar, com champagne de verdade, saudando os jogadores campeões que escreveram essa histórica conquista da Sociedade Esportiva Palmeiras.