A conclusão das negociações para o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul em junho de 2019 desencadeou uma poderosa ofensiva contra a agropecuária brasileira articulada por organizações não governamentais (ONGs) financiadas do exterior.
A ofensiva tem como objetivo atingir a imagem do Brasil e dos produtos de sua agropecuária e agroindústria, que seriam, segundo a campanha, de baixa qualidade, produzidas em áreas desmatadas, com medidas fitossanitárias consideradas frágeis e certificações falsas.
Esta versão difundida pelas ONGs financiadas do exterior obteve maior repercussão na França, país que apresentou as maiores resistências ao acordo, e cujo o presidente, é Emmanuel Macron, expressou publicamente, em mais de uma ocasião, a contrariedade francesa com a cooperação.
É necessário esclarecer aqui que o trabalho de sabotagem contra o Brasil não é atributo de todas as ONGs. Há ONGs humanitárias, filantrópicas, atuando na Amazônia. A campanha contra o Brasil é promovida por ONGs que atuam a serviço de interesses internacionais, dentro do velho manual colonialista, de uso de braços não governamentais em atendimento aos objetivos dos estados coloniais.
A realização da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará, na Amazônia brasileira, acelerou o ativismo das ONGs para marcar o Brasil como o vilão do clima e do aquecimento global, mesmo diante das evidências de que o País é uma referência para o mundo em proteção ambiental, na condição de proprietário da maior floresta tropical do mundo e da maior reserva de biodiversidade do planeta.
O trabalho contra o Brasil promovido pelas ONGs deve ter como resposta a contraofensiva diplomática que afirme os compromissos do Brasil com a agenda do meio ambiente e, ao mesmo tempo, proclame o nosso direito ao desenvolvimento e ao usufruto de nossos recursos naturais, aí compreendidos as fronteiras agrícola e mineral, com responsabilidade social e ambiental.
A pusilanimidade, o outro nome da covardia nos versos de Cecília Meireles, apenas encorajará os inimigos do Brasil a vestir nosso país de vilão ambiental e assim apresentá-lo no teatro universal das mudanças climáticas, numa inversão absurda dos papéis, quando os verdadeiros vilões assumem a tribuna da acusação, ou, parodiando o Padre Antônio Vieira, em uma procissão de grandes vilões conduzindo para a forca os pequenos vilões ambientais.
A novidade no cenário europeu é a onda de protestos dos agricultores contra o rigor das normas ambientais propostas pela União Europeia, levando o produtor rural do velho continente a provar o mesmo fel imposto aos seus correspondentes brasileiros, e a ameaça de novos impostos para financiar uma transição energética que eleva as tarifas de energia e o preço dos alimentos. Na Europa o que é bom não é novidade, e o que é novidade não é bom.