A burocracia é uma realidade comum em diversos hospitais brasileiros, concentrando processos internos complexos que consomem tempo e recursos preciosos. No lugar de um trabalho manual intenso , os algoritmos da Inteligência Artificial (IA) vêm como uma saída para maximizar essas atividades, permitindo que os profissionais de saúde se concentrem no que realmente importa: o cuidado com os pacientes.
Um estudo publicado pela Annals of Internal Medicine aponta que a cada uma hora dedicada ao paciente, duas são dedicadas à entrada de dados nos sistemas, tornando a burocracia o fator que mais consome tempo num atendimento. Perde o paciente e perde os profissionais da saúde, que se veem obrigados a lidar com uma demanda dobrada e exaustiva no dia a dia.
Trazendo a IA como uma solução para desburocratizar as demandas hospitalares em função da sua capacidade de automatizar tarefas repetitivas e demoradas, é possível utilizar este recurso tanto nas áreas de gestão e qualidade, até mesmo na facilidade de interpretar grandes volumes de dados para promover um atendimento mais preciso.
Por exemplo, o uso desta tecnologia pode facilitar na otimização da gestão dos milhares de itens do estoque, prever a demanda por suprimentos médicos e até mesmo agendar consultas de forma mais eficiente. Isso reduz a carga de trabalho administrativo sobre os funcionários e permite que eles se concentrem em atividades mais estratégicas, como elevar o nível de personalização no atendimento aos pacientes.
Outra área em que a IA pode desburocratizar os processos hospitalares é na gestão de escala dos funcionários, garantindo que haja cobertura adequada em todos os turnos.
Grandes redes podem fazer uso deste recurso no processo de alocação de profissionais, permitindo uma comunicação mais eficaz entre as equipes e uma resposta mais ágil às demandas dos pacientes, além de somar aos benefícios o controle de horas extras, que acabam sendo reduzidas, o que impacta nos custos da operação.
Indo além, a IA pode facilitar a interpretação de grandes volumes de dados clínicos e administrativos, fornecendo insights valiosos para a tomada de decisões. Por exemplo, algoritmos de IA podem analisar registros de saúde eletrônicos para identificar padrões de doenças, prever readmissões hospitalares e personalizar tratamentos com base no histórico médico do paciente. Isso não só melhora a qualidade do atendimento, mas também pode reduzir custos e evitar erros médicos.
Na área de saúde, vemos um grande movimento de novas aplicações de Inteligência Artificial para apoiar e desburocratizar os processos hospitalares, além de trazer na esteira benefícios em áreas que lidam diretamente com o paciente. Enquanto as Big Techs se voltam para ampliar o uso dos grandes modelos de linguagem, como o ChatGPT e o Gemini, há muitas novidades em aplicações específicas sendo desenvolvidas por empresas especialistas em saúde, promovendo uma atuação ‘cirúrgica’ neste setor.
A Inteligência Artificial tem um imenso potencial para revolucionar os processos internos dos hospitais, tornando-os mais eficientes e ágeis para benefício do paciente. E, ao eliminar a burocracia e automatizar tarefas, a IA permitirá aos profissionais da saúde uma dedicação maior de seu tempo e energia para o que realmente importa: cuidados de alta qualidade e salvar vidas.
*Bárbara Fraga é consultora e estrategista em IA da A3Data, consultoria especializada em dados e inteligência artificial.