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Colapso anunciado: suspensão do PGB escancara o caos no INSS – por Dr. Márcio Coelho

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou, de forma alarmante, a suspensão temporária do Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB), criado para acelerar a análise de pedidos e reduzir a fila de espera por aposentadorias, auxílios e pensões. A decisão, determinada pelo presidente do INSS, Gilberto Waller Jr., foi motivada pela falta de recursos orçamentários. Em ofício encaminhado ao Ministério da Previdência, ele solicitou uma suplementação de R$ 89,1 milhões para garantir a continuidade do programa. Enquanto o repasse não é feito, os servidores estão impedidos de concluir novas análises extraordinárias, e os processos pendentes retornarão à fila comum, a mesma que já acumula milhões de segurados aguardando resposta.

O problema é grave e tem impacto direto na vida de quem mais precisa. Segundo dados do Portal da Transparência, a fila do INSS já ultrapassa 2,6 milhões de pedidos. Em dezembro de 2024, o número era de 2 milhões; em março de 2025, chegou a 2,7 milhões, revelando um sistema em colapso. Desses pedidos, mais de 900 mil estão em atraso, fora do prazo legal. São solicitações de auxílio-doença, aposentadorias, pensões e Benefícios de Prestação Continuada (BPC), envolvendo pessoas idosas, com deficiência, trabalhadores incapacitados e famílias em extrema vulnerabilidade. Estamos falando de vidas que dependem desses benefícios para sobreviver, de cidadãos que contribuíram durante anos e agora se veem à mercê da lentidão estatal. A cada dia de espera, há uma pessoa sem remédio, uma família sem renda, um idoso desamparado. A notícia da suspensão do programa é desalentadora e cruel.

A força-tarefa criada para reduzir o acúmulo de processos está sendo desativada por falta de verbas — um verdadeiro caso de polícia. O governo não pode virar as costas para quem mais precisa do amparo da Previdência. A suspensão do PGB representa um retrocesso inadmissível e escancara a falta de planejamento e de prioridade com as políticas públicas essenciais. O PGB não era um gasto supérfluo, mas um investimento em eficiência, em dignidade e em cidadania. A interrupção de um programa que estava funcionando é um contrassenso administrativo e moral.

O modelo do PGB remunerava servidores por produtividade, premiando aqueles que ultrapassavam as metas diárias de análise de processos. Era uma medida inteligente, meritocrática e com resultados concretos. Interrompê-lo é como apagar a única luz que ainda iluminava o túnel escuro da Previdência. O próprio presidente do INSS reconheceu o valor do programa e o empenho dos servidores envolvidos. No entanto, enquanto o dinheiro não chega, quem paga a conta é o povo — o aposentado, o doente, o trabalhador que contribuiu uma vida inteira e agora é deixado de lado, como se seu sofrimento pudesse esperar mais alguns meses por uma decisão orçamentária.

Benefício previdenciário não é favor, é direito. Suspender o programa que garante o mínimo de dignidade a milhões de brasileiros é um erro social, político e moral. O Estado precisa compreender que o tempo, para quem sofre, é uma questão de sobrevivência. É urgente que os recursos sejam recompostos e que o Programa de Gerenciamento de Benefícios seja retomado imediatamente. O governo precisa colocar o ser humano de volta no centro das decisões públicas. Afinal, o que está em jogo não são números, mas vidas — e nenhuma vida deveria ser tratada com tanto descaso.

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