O estudo da criatividade exerce crescente atração em nossos tempos, ou seja, uma das razões consiste em ser ele um dos raros pontos de encontro da ciência e da arte. Outra razão é que o processo criador intriga o espírito indagador, permitindo-lhe mais do que a costumeira liberdade de especular.
Assim sendo, é preciso educar com profundidade. A criatividade é aspecto singular e de incalculável valor, portanto, a educação não pode mais se restringir ao ensino decorado.
Existem inúmeras definições sobre criatividade. Toda definição de criatividade, porém, há de incluir o elemento essencial de novidade. Criamos quando descobrimos e exprimimos uma ideia, um artefato ou uma forma de comportamento que seja nova para nós.
Desde que uma pessoa faz, inventa ou pensa algo que é nova para si mesma, podemos dizer que realizou ato criador.
Lamentavelmente, o preço da novidade é na grande maioria das vezes o ceticismo ou a hostilidade dos contemporâneos.
A falta de reconhecimento levou Nietzsche à Loucura; morrendo em Roma.
A novidade por si só, não torna criador um ato ou uma ideia; a relevância também constitui um fator. Em suma, um ato ou uma ideia é criador não apenas por ser novo, mas também porque consegue algo adequado a uma dada situação.
É evidente que uma coisa pode ser criadora sem ser inteiramente nova.
Susanne Langer, (1895-1985), nascida Susanne Katherina Knauth foi uma filósofa, escritora e educadora norte-americana, mais conhecida por suas teorias sobre a influência da arte na mente humana. Ela observa que a maioria das descobertas “são coisas subitamente vistas, que sempre estiveram ali”.
O pensamento criador é inovador, exploratório e aventuroso. Impaciente ante a convenção e é atraído pelo desconhecido e indeterminado. O risco e a incerteza estimulam-no.
O pensamento não criador é cauteloso, metódico e conservador. Absorve o novo no já conhecido e prefere não inventar novas categorias.
São poucas as pessoas altamente criativas que também não são altamente inteligentes.
Ao contrário, da opinião corrente, a criatividade não se limita às artes.
Tanto o escritor quanto o cientista trabalham pela intuição tanto quanto pelo intelecto.
Não apenas o escritor, mas também o cientista tem de caminhar a partir de ideias que são sentidas mais do que compreendidas, que têm tanto de sensações quanto de pensamentos.
Podemos dizer que tanto o escritor quanto o cientista dependem da inspiração, ou a fusão secreta de ideias no subconsciente.
Para que o estudante se realize como pessoa criadora, deve abrir-se ao mundo. Deve defrontar com as coisas na plenitude de seu ser.
Assim sendo, o que a educação pode expressamente cultivar é a consciência de diferentes meios de abordar, conhecer e sentir o mundo.
“Viver não é necessário. Necessário é criar”.
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português.