Este artigo é a continuidade de um esforço para estimular um movimento baseado
no exercício consciente da cidadania e na busca por mudanças tão desejadas em
nosso país.
No primeiro texto, uma afirmação necessária: O CIDADÃO ESTÁ ACIMA DO ESTADO.
No segundo, reconhecemos que O CETICISMO É COMPREENSÍVEL, A DESISTÊNCIA
NÃO, enfrentando a crença de que mudanças estruturais não podem vir da
sociedade, do cidadão comum.
Agora, propõe-se um passo adiante: agir. Porque já não basta ENTENDER A CRISE, é
preciso enfrentá-la.
Já não é possível dizer que a crise que atravessamos é apenas institucional,
econômica ou política. Ela é – acima de tudo – uma crise de CULTURA, de valores
comuns, de confiança pública, de responsabilidade compartilhada.
Muitos cidadãos já despertaram e sabem que não faz sentido ficar esperando por
um herói ou por uma solução mágica vinda do alto. Compreenderam que a
reconstrução começa em outro lugar: na atitude cotidiana de cada um que se
recusa a NATURALIZAR A DECADÊNCIA.
A pergunta que se impõe, então, é: “O que posso fazer, na prática, para ajudar a
revitalizar a cultura pública no país?”
Algumas sugestões iniciais, as quais se seguirão outras:
- NOMEIE O QUE É INACEITÁVEL – E DIGA EM PÚBLICO
Nada degrada mais uma democracia do que o silêncio diante dos desmandos de
hoje. Nomear abusos, desvios, capturas e farsas é um ato de sanidade cívica.
O que hoje se cala, amanhã se repete – com mais força e mais custo.
Por isso, diga (EM PÚBLICO), escreva, aponte. Com firmeza e sem ódio. - VALORIZE O QUE FUNCIONA, mesmo que não seja do seu grupo.
A política degenerou num jogo de torcidas. Se algo dá certo, mas vem do outro
lado, desqualifica-se. Essa lógica impede que avancemos. Precisamos aprender e
a admirar a excelência pública, onde quer que ela esteja.
Quando uma política pública funciona, quando um servidor age com ética,
quando um projeto melhora a vida das pessoas, é dever do cidadão RECONHECER,
DIVULGAR, PROTEGER. - EXIJA IMPESSOALIDADE ONDE VOCÊ ESTIVER.
Você pode não estar no governo, mas está em algum lugar: empresa, associação,
escola, condomínio, projeto, onde há também decisões, regras, escolhas, nas
quais pode haver favorecimento, compadrios, exceções pessoais.
A cultura institucional começa onde se exige que as regras valham para todos.
Seja você o agente dessa prática, mesmo no ambiente informal. Isso muda o
entorno e prepara o país. - JUNTE-SE A OUTROS CIDADÃOS LÚCIDOS
Indignação isolada vira frustração, mas quando as pessoas lúcidas se conectam
com propósito, nasce algo diferente: LUCIDEZ ORGANIZADA.
Através de grupos de discussão diversos, da leitura, de um núcleo de ação, de
uma rede de articulação cívica, ainda que pequena – se for coerente e
perseverante – será mais útil do que muitos “likes”
Democracia não vive só de votos, mas de COMUNIDADE DE VALOR. - ESPALHE ESPÍRITO PÚBLICO – e não indiferença.
Não é verdade que as pessoas não ligam para o Brasil, apesar de muitos se
esconderem atrás do cinismo como mecanismo de defesa e, outros mais, terem
sucumbido à lógica do “cada um por si”.
Você pode inverter isso no seu raio de ação, reconhecendo o mérito, incentivando
o serviço público, premiando a responsabilidade, admirando o coletivo.
SEM OXIGÊNIO MORAL NENHUMA REFORMA SE SUSTENTA.
Finalmente, nenhuma mudança duradoura virá de decretos, de líderes
carismáticos ou de reformas de gabinete.
O que sustenta a democracia é a AÇÃO CÍVICA DECIDIDA, COTIDIANA, INSISTENTE,
sustentada pela coragem de explicitar publicamente as mazelas existentes e, ao
mesmo tempo, começar a viver – mesmo que em pequena escala – os valores que
queremos, ainda não temos, mas podemos ter. Essa é a revolução possível.
Em outros momentos da história já aconteceu. Ela começa agora, POR VOCÊ.
CIDADÃO ACIMA DO ESTADO.
CONVICÇÃO ACIMA DA CONVENIÊNCIA