O crime organizado não brinca em serviço; se moderniza constantemente e implanta novos modelos de negócios visando potencializar os lucros.
A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo descobriram que a facção criminosa PCC colocou à venda pontos de comercialização de drogas no modelo franquia e até micro franquia. Tudo muito bem definido, com área estipulada, possibilidade de ganhos, royalties e plano de negócio estruturado. O mais interessante, é que não precisa pagar impostos e os colaboradores não necessitam ser registrados no Ministério do Trabalho. Não existem férias e nem décimo terceiro.
Nesse esquema, o franqueado se compromete a abrir a “lojinha” todos os dias do ano, com três turnos de serviço, abrangendo manhã, tarde e noite/madrugada, pois a clientela é exigente e quer o produto à disposição a qualquer hora, ou seja, quando o vício falar mais alto.
O modelo é oriundo dos EUA, se trabalha ganha, se não trabalha não ganha. Mercadoria nunca vai faltar, pois o estoque é farto e variado. A todo momento surgem drogas novas para os clientes experimentarem, que são cada vez mais viciantes, com isso, o “empresário” tem a certeza do retorno quase que diário dos clientes dependentes em busca dos entorpecentes.
Nas lojas próprias, 80% do dinheiro fica com o PCC, 15% com os “funcionários” e 5% com o “gerente”.
Já nos parceiros “franqueados”, os valores pagos a “funcionários” e “gerentes” variam conforme a região, com regras impostas pela facção criminosa.
Outro ponto forte do marketing do crime, é que a maioria dos pagamentos feitos pela clientela é em dinheiro e se vender fiado e o comprador não pagar conforme combinado, o franqueador tem departamento próprio de cobrança, onde a possibilidade de recebimento é de praticamente 100%.
Outro detalhe, é que em caso de qualquer tipo de desentendimento comercial entre as partes, a resolução será realizada pelo “Tribunal do Crime”, que conta com justiça gratuita, não existem recursos protelatórios e a sentença é dada com celeridade e sem ideologias embutidas nas decisões, ou seja, totalmente isenta.
Com toda essa “competência empresarial”, estima-se que o PCC fature, aproximadamente, R$ 10 bilhões por ano.
Essa é a nossa realidade, nua e crua!
JORGE LORDELLO
-Pesquisador Criminal
-Especialista em Segurança
-Escritor Internacional
-Experiencia de mais de 25 anos como Delegado/SP
-Apresentador do Operação de Risco e Hora de Ação na RedeTV
Contato jlordello@uol.com.br