“Free Palestine” é um grito que ecoa do Extremo Oriente na Coréia do Sul até o Extremo Ocidente nos Estados Unidos da América. No meio, toda a Ásia, a Europa e a África. Em 1948, houve a ocupação de terras palestinas por milicianos sionistas que se empossaram da estrutura do Exército Britânico declarando o Estado de Israel. Mais tarde viraram Governadores e Políticos respeitados, defensores da Democracia e do Progresso, numa ação planejada em seus aspectos ideológicos, sociais, econômicos e essencialmente militar. Porém, a declaração do Estado de Israel não foi um ato pacífico de emancipação vindo de eleições populares, mas consequência de massacres, perseguições, ocupação de residências e fazendas palestinas e centenas de milhares de pessoas que viraram de um dia para outros refugiados em suas próprias terras e em países vizinhos. Soma a perda de seus direitos de cidadãos e a convivência sob um sistema de Apartheid. O muro é apenas um detalhe, quando a alma de quem a pratica, alimenta a violência e o genocídio. 75 anos depois, “1948” se repete hoje em Gaza. A vista da comunicação global entre os povos, de acesso às imagens, notícias disseminadas do local de seu acontecimento e documentos vazados e, um diferencial que não existiu na época, a Resistência Palestina, o Mundo assiste cair a máscara de Israel e seus comandantes. É a máscara do sionismo e não do judaísmo. Por sinal, há muitos cristãos sionistas e muçulmanos simpatizantes, assim como há muitos judeus contrários ao que acontecia antes e hoje.
Portanto, seja ele em 1948 ou em 2024, a essência do problema é a ocupação de Terra. Em diversos momentos recentes, o Governo de Israel afirmou a intenção de expulsar dois milhões de palestinos de Gaza em direção ao Deserto do Sinai, num passo que se seguirá com um êxodo em massa dos Palestinos da Cisjordânia em direção ao Reino Hashemita e finalizar com a expulsão dos palestinos do Norte em direção ao Líbano e a Síria. Seria muito simplista dizer que é maquiavélico, porém bastante preciso dizer que é satânico e diabólico. É entendido o espírito de ódio e vingança que atinge toda a Sociedade do Estado de Israel. O que não é aceitável, é esta mesma Sociedade reproduzir o Holocausto do qual ela mesmo tem em sua História recente e tudo, sob pretextos bíblicos controvérsos. Se o Vaticano e o Mundo Europeu decidirem por novas Cruzadas em direção ao Oriente ou os Muçulmanos decidirem ocupar todo o Mediterrâneo, norte da África e a Península Ibérica? Pretextos bíblicos, interpretações evangélicas ou do livro sagrado do Islã, seriam justificativas para ocupações de terras e dizimar povos? Colocando o pretexto religioso do sionismo de lado, qual razão de se criar um Estado de Israel em Terras Palestinas? Nenhuma que seja humanitária, justo ou racional.
Como isso vai acabar? A sociedade palestina, há mais de quatro gerações, sofre com a ocupação sob força, direitos ignorados e perseguição constante. Vivencia novos assentamentos e cercos econômicos e físicos numa ação para infernizar suas vidas e os obrigar a deixarem o que sobrou de suas terras. É convencedor para qualquer Palestino, que a resistência armada é sua principal opção consolidada para sua Libertação. Tudo começou se construir ao passar dos anos e o que vemos hoje em Gaza, seis meses após a Guerra, a resistência palestina continua recebendo apoio no Líbano, na Síria, no Iraque, no Iêmen, no Irã e de milhões nas ruas pelo Mundo. Cada um dentro de suas condições e possibilidades. Em paralelo, a primeira geração de Israel que instaurou o Estado de Israel, fruto do sionismo nascido há 150 anos, já não existe mais e suas teorias parecem aos poucos terem sido equivocadas. A segunda geração usufruiu do apoio militar, econômico e geopolítico para expandir suas crenças até 1973 quando veio sua primeira grande derrota. A terceira geração, só se envolveu em guerras perdidas no Líbano, nos confrontos da Cisjordânia, nos confrontos em Gaza e no ressurgimento do sentimento palestino em viver livre e independente. A quarta geração, que convivemos com ela hoje, é a geração que pagará pelas injustiças dos últimos 75 anos. Sofrerá a insegurança, a decadência econômica e social, a luta de classes, o sofrimento de ser deslocado em suas próprias cidades e vilarejos e, a opinião do Mundo contrária aos seus atos. Israel só sobreviverá com o fim do sionismo. A pergunta é quem virá primeiro, a mudança do Apartheid ou a maldição dos 80 anos?
Dr. Cyro Guimarães Jr., Diretor Associação Médica Líbano-brasileira.