São Paulo viveu uma semana vibrante, com a cidade se colorindo, se alegrando e se tornando ainda mais diversa com a realização da 28ª Parada do Orgulho Gay. A Avenida Paulista se transformou em um mar de cores e alegria, em um evento que já deveria ter sido suficiente para que todos aceitassem a liberdade de gênero, levassem o movimento a sério e prestassem atenção às suas pautas.
Chega de armário! Chega de preconceito! Chega de violência! Respeitem a individualidade de cada um, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Uma Jornada Através dos Anos
Lembro-me da primeira Parada, com um número reduzido de participantes e a dificuldade de carregar a enorme bandeira do arco-íris. Hoje, quatro milhões de pessoas se reúnem para celebrar a diversidade, mostrando o quanto o movimento evoluiu.
Ao longo dos anos, acompanhei a Parada, mesmo que de longe devido ao meu medo de multidões. Testemunhei a união em torno do amor e a criatividade das fantasias, tornando o desfile um espetáculo imperdível. Cada trio elétrico, repleto de celebridades ou não, era acompanhado por um cordão de pessoas dançando e pulando, formando um verdadeiro mar de alegria.
A Parada se tornou um evento familiar, reunindo pessoas de todas as idades e origens. É uma das maiores, senão a maior, parada do orgulho LGBTQIA+ do mundo.
Celebração da Diversidade
Embora o termo “bichice” seja geralmente associado aos homossexuais masculinos, a Parada também celebra as diversas formas de expressão de gênero e sexualidade. Cada vez mais casais de mulheres se fazem presentes, evidenciando a crescente visibilidade da comunidade lésbica.
O movimento LGBTQIA+ é composto por um leque de identidades, representado pelas letras do acrônimo: Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queers, Intersexo, Assexuais e Pansexuais. E essa lista ainda está em crescimento, buscando abarcar todas as formas de expressão da diversidade humana.
Um Clamor por Igualdade
Este ano, a Parada teve como tema “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo – Vote consciente por direitos da população LGBT+”. Um clamor contra as agendas conservadoras que ameaçam os direitos conquistados com tanto esforço.
A organização da Parada incentivou o uso das cores verde e amarelo da bandeira nacional, numa proposta de retomada da identidade nacional, em consonância com a apresentação de Madonna e Pabllo Vittar.
Uma Testemunha da Luta
Desde jovem, tive contato com todas as letras do alfabeto LGBTQIA+, o que me permitiu entender as lutas, as conquistas e as dores de cada comunidade. Apelidada de “mulher-bicha”, convivi e acompanhei de perto as histórias de muitas pessoas, celebrando suas vitórias e lutando ao seu lado.
Tenho orgulho de ter participado da luta pela igualdade de direitos, inclusive na conquista do direito a seguros-saúde para o tratamento da AIDS, em 1993. Muitas vidas foram salvas graças à garra da comunidade LGBTQIA+.
Um Legado de Luta e Alegria
É importante lembrar que a conquista dos direitos LGBTQIA+ foi resultado de muita luta e resistência. Longe de qualquer polêmica, a recente fala do Papa sobre o tema serve como um lembrete de que ainda há muito a ser feito para alcançar a plena aceitação da diversidade.
A Parada do Orgulho Gay é um símbolo da resistência e da luta por um mundo mais justo e inclusivo. É uma celebração da vida, da liberdade e da alegria de ser quem se é.
A Bichice Tomou Conta da Cidade
São Paulo se orgulha de ser uma cidade diversa e acolhedora, onde a “bichice” é celebrada em todas as suas formas. O arco-íris segue erguido, símbolo da luta por um mundo mais justo e igualitário para todos.