Não sei se vocês estão ao par das denúncias pesadas que John Textor, presidente e dono da SAF que administra o Botafogo carioca, fez há alguns meses atrás, que provocaram uma agitação e uma forte revolta entre dirigentes, técnicos, jogadores e torcedores dos clubes citados por ele. Até a CBF, que administra o futebol brasileiro, entrou no caso para apurar a verdade dos fatos. Nesta denúncia, Textor garantiu que alguns resultados do Campeonato Brasileiro, Série A, foram “fabricados”. No caso, pagaram propinas a alguns jogadores, que deixaram de se aplicar em campo e, com isso, ajudaram diretamente na vitória do adversário. Houve também erros inaceitáveis de árbitros, e até do VAR, que teriam”errado” de propósito quando anularam ou confirmaram gols irregulares ou quando expulsaram um jogador, sem que ele merecesse o cartão vermelho. Textor até citou o exemplo do jogo entre Botafogo e Palmeiras, disputado no Nilton Santos, em 2023. O time da casa vencia bem o jogo, até que teve seu zagueiro Adjelson expulso. Como consequência, o Verdão, que perdia por 3 gols, virou o placar para 4 a 3 e ficou com os três pontos em jogo. Outra partida que, segundo Textor, o Botafogo foi prejudicado, foi na inesperada derrota do São Paulo, diante do Palmeiras, por 5 a 0, na Allianz Arena. Segundo Textor, neste clássico, vários jogadores do tricolor fizeram “corpo mole” e facilitaram a goleada palmeirense. O Verdão ganhou mais três pontos, subiu na tabela de classificação e acabou sendo o campeão brasileiro da temporada.
Mais recentemente, num jogo contra o Fluminense, no Rio de Janeiro, Martinelli, do tricolor carioca, deu uma entrada super violenta em Gregore, do Botafogo. Levou apenas o cartão amarelo quando, pelas regras do jogo, deveria ter sido expulso. Mais um exemplo citado por Textor, para mostrar como a arbitragem brasileira é, em alguns momentos, totalmente parcial e danosa a um dos clubes que está em campo. Com essa série de denúncias, a pressão cresceu tanto que, até em Brasília, o assunto veio à tona. Em pouco tempo, a Câmara dos Deputados criou a “CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas no Brasil”, para apurar de perto estas denúncias. O repórter esportivo e senador Jorge Kajuru, foi eleito presidente da comissão, e já começou seu trabalho. Ele terá 180 dias para concluí-lo. Um dos primeiros a ser chamado foi o próprio John Textor, que entregou à Câmara dos Deputados, um dossiê completo sobre o assunto, criado pela GoodGame, empresa estrangeira contratada por ele, com esse objetivo.
Como um veterano da imprensa esportiva brasileira, tenho dúvidas que o dossiê apresentado por John Textor, vá provocar alguma mudança no futebol brasileiro e na maneira como a CBF cuida desse assunto. No que diz respeito aos clubes citados pelo dono do Botafogo, Palmeiras e São Paulo já vieram à público rechaçar as acusações e até a considerar Jhon Textor um mentiroso e um dirigente antiético que, para justificar as derrotas e a falta de títulos do Botafogo, resolveu levantar uma tese irreal de que no futebol do Brasil, existam esquemas que visem prejudicar um determinado clube em favor de outro. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, já entrou com processo criminal contra o Textor. O São Paulo, através seu presidente Julio Casares, também repudiou as acusações do dirigente do Botafogo, e prometeu reagir mais forte, se outras surgirem Portanto, aquela acusação de que jogadores do São Paulo amoleceram um jogo para o Palmeiras, não se justifica. Na verdade, aquele jogo aconteceu logo depois que o Tricolor ganhou a Copa do Brasil e seus jogadores naturalmente estavam ainda em comemoração, em êxtase. Talvez por isso, não tenham se empenhado tanto naquela partida. Além disso, como o jogo foi na Allianz Arena, e o Palmeiras tem mesmo um dos melhores times do Brasil, uma goleada por 5 a 0 poderia acontecer, como aconteceu. Não acredito que os jogadores do São Paulo tenham entregado o jogo de propósito.
Em relação a erros de arbitragem, já acompanhei algo relacionado com esse tema, que custou o afastamento de alguns árbitros de ponta do futebol paulista. Ficou provado que eles teriam mesmo favorecido clubes em alguns jogos e, em consequência, foram afastados em definitivo dos quadros de árbitros da FPF e da CBF. No mais, concordo que, volta e meia, árbitros cometem erros graves e, mesmo avisados pelo VAR, insistem em manter sua decisão. Há também exemplos que mostram erros graves do VAR. Às vezes, o árbitro até acertou em sua marcação, mas o pessoal do VAR o convence a voltar atrás. Ainda assim, não acredito que isso seja proposital e que os árbitros cometam erros de propósito ou que o VAR incentive o árbitro a mudar a decisão correta que ele tomou. Acho, apenas, que o nível de nossa arbitragem é ruim. São poucos os árbitros realmente de bom nível. Como consequência, o número de erros cresce e o nível da arbitragem cai, a cada rodada. A solução talvez seja imitar a Premier League, onde os árbitros são profissionais. Lá, os erros graves dificilmente acontecem. Talvez por isso, os clubes ingleses já estejam dispostos até a abortar a utilização do VAR. Ainda neste ano os clubes vão se reunir para tomar uma posição a respeito. Quanto a CPI que corre em Brasília, provavelmente não dê em nada (como quase tudo que acontece naquela casa). Quanto ao multimilionário John Textor, acredito que ele vai sair tão desmoralizado desse episódio que, não será surpresa, se desistir do Botafogo e voltar aos Estados Unidos. Isso se o processo que a Leila abriu contra ele, não o mandar para a cadeia….