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Netos e bisnetos: O crescente interesse da Geração Z em resgatar as raízes – por Rafael Gianesini

A busca por uma segunda cidadania tem se tornado uma tendência crescente entre muitas famílias ao redor do mundo, especialmente quando se fala da Geração Z, que é conhecida por sua fluidez digital, busca por propósito e valorização do bem-estar. Assim, longe de ser apenas uma moda passageira, o resgate das raízes europeias é um fenômeno que une história familiar, pragmatismo e as incertezas do mundo moderno. Segundo dados oficiais do Instituto dos Registos e Notariado (IRN) de Portugal, divulgados em agosto de 2025, os brasileiros representam 45% de todos os pedidos de cidadania enviados, e que a demanda de netos e bisnetos disparou. 

Nesse sentido, um ponto importante a ser citado é a valorização do propósito e autenticidade. Muitos acreditam que é preciso conhecer o passado para entender o futuro. Assim, mergulhar na história dos avós e bisavós – os imigrantes que fizeram a travessia – é uma forma de conhecer sua própria identidade. Essa narrativa de resgatar o legado da família e honrar o esforço de gerações passadas é justamente um dos objetivos dessa geração, que busca por conexão e significado. Dessa forma, acaba sendo um contraponto à cultura superficial das redes sociais.

Contudo, este interesse não é impulsionado por um simples romantismo histórico ou de maior reconexão com as origens, mas sim pela busca por um futuro mais promissor, impulsionado pela renovação dos laços familiares para fortalecer o sentimento de pertencimento. Isso porque existe uma incerteza econômica e social, o que leva muitos jovens a verem a dupla cidadania europeia, seja italiana ou portuguesa ou mesmo alemã, como uma espécie de Plano B. O passaporte europeu não é apenas um documento; é uma chave para oportunidades globais, tanto no campo do trabalho, quanto da educação. Além disso, há a possibilidade de buscar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, algo muito valorizado pela Geração Z, que rejeita a cultura do trabalho incessante a todo custo.

Paradoxalmente, a tecnologia que define a Geração Z facilita a busca por um passado distante. Redes sociais especializadas, grupos de genealogia online e plataformas de pesquisa e documentação tornaram o processo de rastrear antepassados e reunir a documentação necessária mais acessível e rápida do que nunca, desburocratizando o acesso a um direito que é centenário. A documentação, que levaria meses ou anos, agora pode ser organizada com a eficiência de um projeto digital.

No entanto, a procura por laços europeus vai além do benefício burocrático. Ao invés do turismo tradicional, muitos jovens buscam retornar às cidades de seus ancestrais para se conectarem fisicamente com a história de sua família. Além disso, por se tratar de uma geração com mais acesso e mais curiosa, são atraídos pela possibilidade de aprender idiomas como italiano, espanhol ou alemão, ligados às suas raízes. A valorização da culinária e das tradições também se faz presente por meio de resgates de receitas de família e celebrar festividades tradicionais, mantendo viva a memória cultural.

Em suma, a Geração Z prova que ser “nativo digital” não significa ser desapegado da história. Prezam por aqueles que vieram antes e se voltam para si mesmos por conta da incerteza do futuro. Além disso, eles entendem que, no século XXI, ter a liberdade de escolher onde morar, estudar e prosperar é o ativo mais valioso. Assim, os netos e bisnetos buscam por mais qualidade de vida, possibilidades profissionais e de estudo, além de um sentimento de pertencimento que os falta. 

*Rafael Gianesini é CEO e co-fundador da Cidadania4U – primeira empresa brasileira criada com o objetivo de auxiliar pessoas a obter a cidadania europeia de forma transparente e prática e em um ambiente 100% online. 

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