Concedi-me um período de férias. Até para não cansar meus quatro leitores. Mas diante da insistência do Dr. João Pares, meu principal leitor, resolvi antecipar o retorno.
Confesso, estive amargo, chato – mais que o normal – e muito triste pois morreu o Carlinhos da Mangueira, amigo de mais de 40 anos.
E farto de ver o Brasil sempre atrasado, perdido nas eternas discussões entre direita e esquerda, imerso em montanhas de fake news com todos “especializados” nos mais variados assuntos e sempre cheios de razão.
Mas o que fazer? Temos de continuar vivendo.
Estou experimentando, nos meus jovens 80 anos, as delícias de não ter regras. A não ser as de trânsito, rsrsrs…Acordo cedo, faço minhas caminhadas , vou aos botecos e aguardo o chamado do Chefe, lá de cima! Até quando?
E observo, com raro prazer, que não sou mais obrigado a usar terno, gravata e toda aquela frescura dos meus tempos de executivo. Ou executado?
Mas falando em boteco, aos quais vou apenas para jogar conversa fora e tomar minha sagrada vodka, sou um ouvinte civilizado de todos os especialistas em qualquer assunto. Ouço uma quantidade absurda de bobagens onde quase todos têm absoluta certeza de que suas opiniões estão totalmente corretas. E esse cabedal de conhecimento obtido, quase sempre, através das redes sociais que, sabemos, estão mais por fora que umbigo de vedete…
Nós, brasileiros, temos o famoso complexo de vira-lata como afirmava com propriedade Nelson Rodrigues. Adoramos “torcer” contra. Foi assim com Emerson Fittipaldi, que junto com o irmão Wilson, construiu o primeiro F1 do Brasil. Que teve grandes dificuldades e terminou por não dar certo já que construir um carro de F1, não é fácil. E não adianta argumentar contra os pessimistas que Emerson foi bicampeão mundial de F1 , campeão da Fórmula Indy e vencedor duas vezes das 500 milhas de Indianópolis. Além de ser nome de Avenida em Miami – a Fittipaldi Way , além de ser comemorado no dia 20 de junho, o Fittipaldi’s Day.
E muitos outros casos poderiam ser abordados nesta crônica para comprovar que temos sim, complexo de vira-lata.
FRASE DE BOTECO
Por complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca voluntariamente, em face do resto do mundo.
O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade:
Não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.
NELSON RODRIGUES