Alvo de inúmeros debates, a reforma tributária trará mudanças que vão surtir grandes efeitos nos âmbitos políticos, econômicos e sociais do Brasil. Isso porque a redistribuição e o recolhimento de impostos desempenham um papel importante na moldagem da estrutura social de um país, afetando setores muitas vezes negligenciados, como a logística nacional, que já enfrenta um cenário com desafios devido a valores defasados nos fretes e infraestrutura precária.
Com a reforma, os impactos, tanto positivos quanto negativos, serão grandes. De acordo com a promulgação da Emenda Constitucional, teremos a simplificação tributária, com a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que é vista como um avanço positivo na redução da complexidade dos cálculos e na diminuição do número de tributos. Contudo, a implementação dessa medida pode desencadear desafios, especialmente para empresas que operam com custos de frete desatualizados. Ou seja, se esses custos forem incorporados às novas taxas de frete, possivelmente haverá redução de pessoas nas operações e diminuição no volume de demandas.
Nesse contexto, operadores logísticos também devem se preparar para um aumento da carga tributária, previsto na reforma para setores como transporte e armazenamento. Embora os números exatos não estejam definidos, é importante reconhecer que isso poderá impactar os custos operacionais dessas empresas. Além disso, a redução das alíquotas interestaduais pode resultar em aumentos nas tarifas de pedágio e outros tributos pelos estados para compensar a perda de arrecadação.
De fato, inicialmente as mudanças parecem assustadoras, mas a reforma tributária pode, sim, trazer possibilidades de crescimento às empresas de logística que conseguirem se adaptar rapidamente e se prepararem com antecedência às mudanças. Também é importante frisar que, em meio à Transformação Digital, todas as organizações precisam estar aptas para enfrentar essas alterações e usá-las a seu favor, criando oportunidades de crescimento em meio aos novos desafios. Isso é essencial para o setor logístico, que deve revisar seus processos internos, tanto a parte operacional quanto administrativa, constantemente.
Para isso, a melhor saída para o segmento é apostar em novas tecnologias, que contribuam para que as empresas tenham maior eficácia em seus serviços e processos e ajudem no monitoramento de gastos operacionais, evitando o desperdício de recursos.
Nesse contexto, a automação de procedimentos e a implementação de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) podem ajudar as empresas de logística a reduzir custos e aumentar a eficiência. Por exemplo, a automação de tarefas repetitivas, como o processamento de documentos, permite que os funcionários tenham tempo para se concentrar em tarefas mais estratégicas.
O uso de um software DMS (Delivery Management System) também pode ser contribuir para otimizar o planejamento de rotas, o que pode reduzir custos e melhorar o atendimento ao cliente. Outro exemplo interessante é o Big Data, que pode ajudar as empresas de logística a tomarem decisões tendo acesso a um maior número de informações. Por exemplo, as corporações podem analisar dados de vendas, transporte e estoque e, assim, identificar oportunidades de melhorias.
Além disso, outra estratégia importante é investir em um WMS (Sistema de Gerenciamento de Armazém), que irá contribuir para que as empresas controlem seus estoques com assertividade. Ao usar uma tecnologia desse modelo, é possível ter um monitoramento eficaz de todos os produtos e evitar perdas de itens, problemas que culminam em maiores custos.
Em linhas gerais, a previsão é que a reforma tributária tenha um período de transição de sete anos, de 2026 a 2032. Então, é preciso que as empresas já comecem a se preparar para mudanças e, nesse sentido, a saída mais eficaz para o setor logístico é apostar no investimento de novas tecnologias.
Ao contar com apoio tecnológico, as corporações podem adquirir soluções voltadas para a gestão tributária, o monitoramento das cargas e a melhoria das rotas. Além disso, esse investimento não apenas capacita as organizações para se ajustarem às dinâmicas do mercado, mas também transforma os desafios em impulsionadores para o seu crescimento.
Fabrício Santos é diretor da onBlox, empresa do Grupo Máxima que desenvolve softwares logísticos comercializados em módulos para a cadeia de abastecimento. Com formação em análise de sistemas pela Universidade Salgado de Oliveira, o executivo atuou por mais de 12 anos na PC Sistemas (atual Totvs), onde desenvolveu vasta experiência na construção de sistemas.