A notícia do ” Jornal Zero Hora” me espantou, contrariando tudo que aprendi durante minha vida. ” Renda de profissionais com mais formação cai 14,23 por cento.” Continua a notícia : ” Em 11 anos , intervalo abrangido em série histórica de levantamento do IBGE, o rendimento médio de que tem Ensino Superior completo no Estado caiu de R$ 6.998 , em 2012 , para R$ 6.002, em 2023. Já o público com menos formação teve um avanço-nos ganhos, com alta de 37,57 por cento no mesmo período pesquisado.”
Imaginei que este problema estivesse acontecendo somente no Estado do Rio Grande do Sul, já que a notícia era publicada por um jornal local. Não; o IBGE diz, Brasileiro mais escolarizado vê renda desabar e cai na informalidade.
Em dez anos, quem estudou mais perdeu até 16,7por cento nos rendimentos. Me surpreendeu o informe. Jovens e adultos que estudaram de 12 a 16 anos ( ou mais) tiveram perda de renda mais acentuada que os menos escolarizados. Houve ainda abrupto aumento da informalidade entre eles, que atingiu também pessoas que estudaram de 9 a 11 anos.
A conclusão é de pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGB) com base em dados do IBGE, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Coontínua(PnadC). Os resultados revelam uma economia que cria predominante empregos de baixa qualidade e pouco produtivos.
Isso empurra os mais escolarizados para vagas que pagam menos e que são cada vez mais, informais, comprometendo o crescimento potencial do país. No geral, despencou também a vantagem , em termos de rendimento do trabalho de quem estudou de 16 anos em relação aos brasileiros que passaram menos de um ano na escola. Em 2012, o retorno positivo da educação na renda nessa comparação chegava a 641 por cento.
No segundo trimestre deste ano , o prêmio era de apenas 353 por cento. Entre os que tinham de 12 a 15 anos de estudo( comparados aos com menos de um ano o percentual caiu de 193 por cento para 102 por cento.” O ensino superior está dando menos retorno no Brasil; uma novidade muito ruim.
É um claro indicador de uma economia pouco dinâmica , com empresas pouco ativas, e com outras mais produtivas que não crescem ” afirma Fernando Veloso, um dos autores de um belo trabalho. Várias são as razões citadas por especialistas e uma delas é que nos últimos oito anos a relação entre a dívida bruta do país e o PIB ( principal indicador de solvência) saltou 17 pontos, para 74,1 por cento.
Deficitário o governo federal precisa pagar juros altos para se financiar, levando empresas e consumidores a se retrair. Diz Fernando de Holanda Barbosa: ” É aquela história do engenheiro formado dirigindo Uber. Por que gerar um emprego para um engenheiro que requer investimentos de muitos milhares de reais.
O indivíduo dirigindo Uber custa R$ 2.000 por mês na Localiza ( onde aluga o veículo). Assim ele gera sua renda, o que é sinal de falta de dinamismo da economia” notícia e informações preocupantes que no meu tempo de estudante eram outras e animadoras. Por exemplo De acordo com os resultados graduar-se numa faculdade garante ao brasileiro uma remuneração 144 por cento acima dos que terminaram o ensino médio.
Em comparação com os que não concluíram o ensino médio, a remuneração dos graduados e mais que o triplo ( 258 por cento). Outra do meu tempo , ter um curso superior ajuda a abrir caminhos para dominar a área escolhida, o que ajuda você a ter mais reconhecimento no mercado de trabalho. Como mudou o mercado de trabalho e fica para o leitor a conclusão do que era e é melhor para o Brasil.
Ricardo Cavalcanti de Albuquerque, advogado, jornalista e ex-Secretario de Estado.