Vez por outra bate o desespero no cronista. Principalmente se ele tem prazo para entregar a matéria. E aí me preocupo com o Fausto Camunha, meu editor, que tem prazos rígidos.
E na busca de um tema fui mexendo nos livros antigos – eita coisa boa – para ver se conseguia abrir a mente. Acabei encontrando algumas histórias do Adhemar de Barros.
Alguém se lembra dele? Foi Interventor Federal em São Paulo, nomeado por Getúlio Vargas, depois governador e prefeito.
Pois continua atual na minha memória de 80 anos! Aliás, memória de velho é engraçada! Não lembramos o que fizemos ontem, mas o que aconteceu 60/70 anos atrás continua presente, concordam?
Foi uma síntese da maioria dos políticos brasileiros. Demagogos, não muito honestos – para não falar outra coisa – histriônicos e exagerados. E, para ajudar na formação do personagem, tinha uma vasta e bem cuidada barriga.
Cunhou uma frase:
Fé em Deus e pé na tábua.
Foi responsável pela construção da Via Anchieta, que liga a capital paulista ao litoral santista e a construção do Hospital das Clínicas. Obras realmente importantes mas com evidências de superfaturamento e otras cositas mas…
Muito famosa era a “caixinha do Adhemar“. Nome para designar o aporte de propinas de empreiteiros, bicheiros, puteiros e toda sorte de ilícitos que só podiam funcionar mediante a “contribuição voluntária” ao governador.
E, claro, não podia faltar uma santa de devoção, honraria que coube a Nossa Senhora Aparecida, sempre citada nos demagógicos discursos do Adhemar.
Foi um pródigo. Até porque, quando faltava dinheiro, era só passar a famosa “caixinha do Adhemar” para recompor os fundos…
Sem falar no famoso cofre do Adhemar com 2,5 milhões de dólares que estava numa casa no bairro de Santa Teresa, no Rio, de propriedade da “amante”. E que foi roubado por um grupo de guerrilheiros que lutavam contra a ditadura. Entre eles estava a “charmosa” Dilma Rousseff…
Foi dono da Chocolates Lacta e da Rádio Bandeirantes. Foi cassado pela ditadura militar.
Criou o lema “São Paulo não pode parar” e acabou exilado na França, onde morreu.
Deixou como legado muitos ensinamentos aos políticos e demais autoridades brasileiras de como se apropriar do bem público sem nenhum tipo de risco e ainda sair como herói.
FRASE DE BOTECO
Constituição Brasileira artigo único:
Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara.
Capistrano de Abreu