O futebol brasileiro, pentacampeão do mundo, nunca atravessou uma fase tão ruim. A última Copa que nossa seleção ganhou foi aquela promovida por dois países (Japão/Coreia) em 2002, ou seja, “apenas” vinte e dois anos atrás. De lá para cá, foram vexames atrás de vexames. E o que é pior, não há nenhuma perspectiva de que esse quadro vá mudar. Prova disso foi que, nas duas últimas Copas (Rússia 2018 e Catar 2022), o Brasil foi desclassificado bem antes de chegar ao menos às semifinais dessas competições. Através delas, já deu para perceber que o nível técnico de nossos jogadores caiu assustadoramente em todos os sentidos, e que até nossos treinadores estão neste momento muito atrasados em relação aos de outros países. Pior ainda é que, onde o Brasil era absoluto (em toda a América do Sul), nossa seleção passou a ser um fracasso. Tanto que, nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2026, que será disputada nos Estados Unidos, Canadá e México, o Brasil está atualmente em sexto lugar na classificação geral, atrás de Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela e Equador. Tem apenas 7 pontos conquistados em seis jogos disputados, o que, certamente, é uma vergonha para um futebol que, dentro de campo, sempre foi um dos dois melhores do continente em toda a sua brilhante história.
Mas os problemas não param por aí. Para ampliar essa fase negativa, o Brasil voltou ao campo nas duas últimas semanas para disputar a Copa América, nos Estados Unidos. Mas mesmo sob o comando de um novo técnico, Dorival Júnior, a Seleção voltou a decepcionar sua fanática torcida. Nesta competição, o Brasil foi desclassificado depois de apenas quatro jogos (foi eliminado já nas quartas de final). Aliás, não foram só esses os vexames brasileiros de 2023 até agora. Em 17 jogos neste período, a Seleção venceu apenas 6, empatou outros 6 e perdeu 5. Aproveitamento medíocre de apenas 47,06% para uma equipe que já foi a melhor das Américas anos atrás. Além disso, a convocação de Dorival Júnior para substituir Fernando Diniz no comando da seleção foi justamente para tentar impedir essa queda brutal de rendimento do time brasileiro. A situação era tão ruim que, em seis jogos pelas Eliminatórias da Copa de 2026, o Brasil só ganhou dois, empatou 1 e perdeu 3, algo que jamais aconteceu em toda a história do nosso futebol. Isso, quando estamos falando das Eliminatórias Sul-Americanas, onde o Brasil sempre foi um dos dois primeiros colocados entre os dez países participantes.
Diante deste quadro, a pergunta que fica é a seguinte: o que fazer para estancar essa queda vertical de nossa seleção tanto em amistosos como em jogos oficiais, que nos permita acreditar que ela não vá ficar de fora, pela primeira vez, de uma Copa do Mundo? Particularmente, acho que hoje, o maior problema de nossa seleção não é o treinador, porque Dorival Júnior tem competência para ocupar o cargo. Ele pode até não ser um super treinador (tipo Ancelotti), mas é experiente o bastante para montar uma boa equipe que seja capaz de tirar o futebol brasileiro desta fase negativa. Por pensar desta forma, fui e sou contra a demissão imediata de Dorival do comando de técnico de nossa seleção. O que é preciso, na verdade, é que a CBF dê ainda mais sustentação ao treinador e, se necessário, até monte um grupo de especialistas para assessorá-lo um pouco mais de perto. Também é preciso que, entre os jogos da seleção, Dorival se reúna mais com seus jogadores (mesmo que seja apenas para um papo de algumas horas) para que o entendimento entre eles cresça gradativamente. Importante ainda, criar um esquema tático que realmente funcione na atual seleção, o que não aconteceu, por exemplo, na última Copa América. Dorival precisa ainda ser bem mais ousado e não jogar dando prioridade só à defesa, como tem acontecido. Chega de escalar dois volantes à frente da defesa. É preciso criar uma seleção que jogue para frente, que se imponha ao adversário e que até o intimide. Dorival precisa entender que o Brasil tem um passado a zelar, onde a máxima sempre foi “a melhor defesa é o ataque”. E não é atacar apenas com Vini Jr ou Raphinha pelas pontas, mas também com Rodrigo pelo meio, com deslocações constantes entre atacantes e meio-campistas e com apoio permanente dos laterais. Uma Seleção Brasileira precisa e deve ser mais ousada na sua maneira de atuar. E também é preciso achar meias que realmente criem no meio-campo, além de ajudarem na marcação. Paquetá e Bruno Guimarães, por exemplo, não deram certo até agora. Então, que Dorival experimente outros atletas no setor e dê chance a jogadores que, ao contrário dos atuais, joguem no futebol brasileiro (porque os que jogam lá fora, não têm dado conta do recado!). Se tudo isso for feito a partir de setembro, quando o Brasil volta a disputar as eliminatórias, a chance de uma reviravolta favorável ao Brasil pode se concretizar. Caso contrário, o problema vai aumentar e o Brasil pode até não ter mais forças para conseguir sua vaga na próxima Copa. Digo tudo isso, sem nenhum exagero. Podem acreditar!