Todos estão falando de Silvio Santos. Acabamos de perder o maior e melhor comunicador do Brasil. Em vez de focar no sentimento de tristeza que nos toma neste momento, vou falar do que escrevi sobre ele há mais de 20 anos. Fiz uma análise rápida sobre a sua comunicação.
Naquela época, eu disse que Silvio Santos era o rei. Foram décadas no ar, todas as semanas, com sua descontração contagiante e uma audiência impressionante. Um verdadeiro fenômeno! E foi a alegria constante do “homem sorriso” que o manteve na telinha por tanto tempo. Até quando Deus permitiu.
Sempre renovado
É quase impossível pensar nessa possibilidade. Numa época em que tudo parece descartável e os ídolos são rapidamente substituídos, para permanecer no sucesso por tanto tempo é necessário ser mais que bom, é preciso ser o melhor. Talvez tenha sido a pessoa que melhor analisou seu público, aqueles que seriam seus telespectadores.
Temos duas formas de conquistar os ouvintes: ou adaptamos nossa maneira de nos comunicar ao tipo de público que pretendemos cativar ou selecionamos a plateia conforme nossa própria característica. Tudo vai depender da habilidade de cada um.
Sempre divertido
Desde o início de sua carreira, Silvio percebeu que seu jeito simpático, divertido e envolvente, provavelmente aprimorado, nos tempos de camelô, cativava os telespectadores das classes mais populares. Foi hábil em desenvolver um programa que agradasse a essa camada da população e venceu.
Silvio Santos foi perfeito na avaliação que fez sobre as características do seu público. Soube planejar o que pretendeu comunicar, de acordo com o nível intelectual da maioria dos ouvintes, o tipo de expectativa que eles provavelmente possuíam e a faixa etária do seu público. Essa análise, provavelmente intuitiva, lhe deu longevidade e o transformou no mais competente comunicador que o país já viu.
Sempre admirado
Foi admirado por todos ao seu redor. Quando sua filha Patrícia foi nossa aluna de oratória, ela contou que para ela falar em público era um desafio, pois sempre iriam compará-la ao pai. Sim, essas comparações são inevitáveis. O que mais me marcou foi ouvi-la dizer que ela faria de tudo para que sua comunicação não o decepcionasse.
Foi um exemplo que servirá de guia para todos aqueles que desejam aprender a se comunicar com eficiência em qualquer tipo de circunstância. Outros virão, mas o seu carisma e sua habilidade de conquistar o coração das pessoas jamais serão substituídos. Que Deus o receba em seus braços.
Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de Oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão de Marketing e Comunicação, Gestão Corporativa e MBA em Gestão de Marketing e Comunicação na ECA-USP. Escreveu 37 livros, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram: @polito, pelo Facebook: facebook.com/reinaldopolito. Pergunte no https://reinaldopolito.com.br/home/