Tempos bons e felizes aqueles em que as residências tinham jardins, hortas e pomares. A densificação urbana e a verticalização das cidades fez desaparecer hábitos saudáveis, em detrimento da saúde física e mental das pessoas.
Mas nem tudo está perdido. A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da USP em Piracicaba, editou uma cartilha da série “Produtor Rural”, que explica o passo a passo do cultivo de plantas em pequenos espaços.
É o método “horta em espiral”, que ensina como se utilizar dessa tecnologia sustentável. Permite o cultivo de diversos tipos de plantas aromáticas, medicinais e alimentícias. O texto encontra-se disponível para download gratuito no Portal de Livros Abertos da USP. É a Academia, no caso a maior Universidade do Brasil, que estimula as pessoas a voltarem a cuidar da natureza e conviver com a fabulosa biodiversidade do País.
O formato em espiral ascendente permite a combinação de plantas com necessidades específicas, como sombra, meia-sombra, solo seco ou úmido e concilia características e necessidades diversas. Não serve só para vegetais medicinais, ervas aromáticas, plantas alimentícias e mistas, mas também para a produção de mudas e plantas ornamentais.
Há flexibilidade na estrutura, que pode usar de tijolos, pedras, bambu ou madeira. E importante mencionar o fluxo da água, que no solo da espiral vale-se da gravidade para percorrer o ponto mais elevado para o inferior. É o que viabiliza o plantio de espécies com distintas necessidades hídricas, em uma única e mesma estrutura. O melhor aproveitamento da luz solar também foi previsto e a cartilha contém ainda um canteiro em espiral feito pela “Casa do Bem Viver”, subgrupo do Laboratório de Educação e Política Ambiental da Esalq. Ali se constrói e experimenta um elenco de tecnologias sustentáveis, mediante oficinas e formações abertas ao público.
É a USP, a maior e melhor universidade brasileira, oferecendo à população roteiro para a formação de hortas domésticas, que podem também atender a condomínios, pois a verticalização urbana aos poucos elimina aquela construção unifamiliar chamada casa. Nem por isso, os seus moradores ficarão privados do benefício imenso de cultivar e usufruir de uma horta.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo de Mudanças Climáticas de São Paulo.