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Vale a pena reagir a assalto? – por Jorge Lordello

Algumas pessoas insistem em dizer que se houver condições, deve-se reagir a assalto. Discordo totalmente dessa orientação. Tudo que fazemos na vida devemos ponderar sobre a relação custo x benefício. Na minha opinião, não importa se o ladrão é magrinho, com pouca idade ou se a arma que está portando, aparentemente, é brinquedo.

Após entrevistar centenas de bandidos em cadeias públicas, restou claro que criminosos não gostam de agir sozinhos. Preferem a companhia de um ou mais parceiros para auxiliar na prática delituosa. Muitas vezes, as vítimas relatam que os roubos foram cometidos apenas por um ladrão. Isso foi o que viram, mas a realidade é outra. Em assaltos, é enorme a probabilidade de existir outro meliante, pronto para intervir caso a vítima venha a esboçar reação.

O leitor pode ter conhecimento de casos em que a vítima reagiu e conseguiu evitar o assalto e, dessa forma, manteve seus bens. Essa situação é excessão; não podemos arriscar numa aposta tão desfavorável. Durante evento criminoso, a última coisa que devemos pensar é em bens materiais. Nossa vida não tem preço.

Por outro lado, veja o que aconteceu na cidade de Franca/SP. O jovem relatou a diversos veículos de comunicação que falava ao celular em frente a empresa de sua família, quando surgiu assaltante. “Ele pediu para passar dinheiro, carteira, telefone, a chave do carro e que eu tinha que ficar quieto, senão ia me matar. Na hora que fui entregar o celular pra ele, eu reagi, acertei o bandido, que caiu no chão”, afirmou o lutador de jiu-jítsu. O relato impressiona: “Eu fui pra cima dele, mas não vi que havia uma segunda pessoa, que me acertou na cabeça. Acabei atingindo um deles com uma chave de fenda; deu uma perfuração na caixa abdominal e nas costas do sujeito. Nisso, durante a briga, o outro rapaz me acertou um chute muito forte na cabeça. Eu apaguei e eles fugiram sem nada levar”. O que a vítima não podia imaginar, é o que aconteceria na semana seguinte. A caminho da moradia em propriedade rural, foi cercado por vários assaltantes e levado para um matagal, onde foi amarrado em uma árvore e agredido. Passou a ser torturado com um objeto cortante. “Um dos homens que eu machuquei durante a briga estava presente. Ele tirou a camisa na hora que me viu e falou desse jeito: ‘agora é a sua vez, desgraçado. Vou fazer contigo igual você fez comigo’. Quando ele tirou a camisa, vi as marcas nele”. Felizmente, a vítima não foi morta, mas passou por sessão de tortura física e psicológica por vinte e cinco minutos.

A base dos estudos envolvendo segurança pessoal é o que chamo de proatividade, ou seja, é tomarmos medidas de ordem preventiva no cotidiano para que não aconteça o pior. Minimização de risco é o que temos a disposição, como arma contra a violência urbana. Agora, reagir depois de anunciado o crime é se expor desnecessariamente, num embate que geralmente a vítima leva a pior.

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