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O Caminho começa agora – por Elizabeth Leão

O objetivo foi alcançado.

Chegamos em Santiago de Compostela depois de percorrermos o Caminho Português com uma média de 20km/dia, durante sete dias.

A alegria de colocar os pés naquele solo sagrado – energizado pelos passos de centenas de milhares de Peregrinos que, com propósitos vários, alcançaram o marco de chegada defronte aquela Catedral mágica -, é indescritível.

A sensação de vitória pela superação de toda nossa fragilidade humana, com o desafio da limitação física que sempre pode assombrar as mentes, cede lugar à alegria suprema do encontro com o Divino existente naquele
ambiente espiritual que nos envolve como um abraço acolhedor do retorno à casa do Pairecebendo o seu filho amado, portempos imemoráveis.

O impacto daquele momento, a alegria irradiando nos rostos de todos aqueles que chegam e se prostam, literalmente, na monumental praça defronte a Catedral, rodeada por prédios medievais imponentes, mas
acolhedores, tem seu ápice quando adentrando o extraordinário Santuário nos deparamos com a magnitude de seu altar, cuja luz dourada irradia o Amor incondicional daquele ambiente indescritível.

Inicia-se a Missa do Peregrino, outro presente alcançado, com a Catedral lotada de pessoas ainda exaustas, com dificuldades para se levantar, para se ajoelhar, em face dos árduos dias de jornada, mas com os semblantes
iluminados, todos com lágrimas nos olhos, preenchidos por um sentimento de gratidão e felicidade genuína pelo propósito alcançado.

A emoção se intensifica quando é anunciado por um dos Sacerdotes que conduzem a liturgia, que naquele dia específico haveria o ritual do botafumeiro, o ápice do milagre daquele momento mágico.

Impactante e emocionante ver e, principalmente, sentir a beleza do movimento daquele imenso incensário, pendulando pela nave central da Catedral e exalando um delicioso perfume que penetra no âmago de nossos
Seres, selando as preces e as intenções que nos acompanharam, a todos, durante o percurso.

Os dois dias passados naquela cidade mágica foram além da consolidação dos nossos propósitos, a profunda conscientização do que nos levou, a cada uma das Nove Santiago, a aceitar o convite que nos foi feito em dezembro do ano passado, 2024, por uma das integrantes do Grupo.

Durante todo este período fomos nos preparando física, mas principalmente emocional e espiritualmente para nos submetermos a esta desconhecida, mas maravilhosa Jornada. Aos poucos, fomos nos conscientizando de que o nosso Caminho havia se iniciado naquele dia de dezembro e que já nos encontrávamos sob a egrégora daquele propósito transformador.

O movimento preliminar foi se intensificando, com transformações profundas já acontecendo na vida de cada uma. O propósito inicial foi se aprofundando e cada uma das Nove passou a entender que não se tratava de uma simples viagem, mas a viagem da Vida!

Nenhuma de nós teve qualquer dúvida, em momento algum, de que aquele momento seria dedicado à sua própria evolução pessoal, sempre com a certeza de que a amizade e o amor que sempre nos uniu, as Nove, seriam a sustentação para a superação de qualquer desafio que se apresentasse durante o Caminho.

E assim foi. Mágico. Nenhuma lesão, nenhuma desavença, nenhum desequilíbrio. Tudo Preciso e Perfeito.

A cada uma foi dada a benção de refletir e vivenciar o Caminho com profundidade, Amor e Alegria, numa verdadeira e profunda conexão com nossos Seres, conscientes de que em momento algum estaríamos sozinhas.

Sabíamos que estávamos amparadas por nossas Mestras, nossos Anjos da Guarda e por tantos Seres de Luz – principalmente São Tiago – que ancoram aqueles que se entregam, com Verdade e Fé, a esta experiência Crística.

O propósito de cada uma foi alcançado, muitas vezes permeado por reflexões profundas e insights surpreendentes.

O mais significativo foi a conclusão de que não havíamos terminado o caminho quando alcançamos o pórtico daquela catedral mágica, que não havíamos apenas vencido um desafio de caminhar tantos quilômetros, com a
comprovação de uma superação apenas física.

Não. A possibilidade de chegar ao final daquela etapa do Caminho, inicialmente programado, significava apenas uma ínfima vitória frente ao novo Caminho que se apresentava e que naquele inesquecível dia teria início.

Nosso Caminho não terminou em Santiago de Compostela, Ele permanece Vivo em nossos corações e em nossas Vidas. Na verdade, nosso Caminho estava apenas se iniciando.

Assim sentimos naquele momento: Nosso Caminho Começa Agora.

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