No cenário tecnológico do último ano, o tema mais debatido tem sido, sem dúvida, o avanço e a disseminação da Inteligência Artificial (IA), destacando-se também a Inteligência Artificial Generativa. Capaz de aprender padrões a partir de uma base de dados e reproduzir conteúdo a partir de um treinamento recebido, essa forma de IA promete revolucionar o setor financeiro. Uma pesquisa da Gartner reforça o interesse na adoção desta tecnologia, apontando que 92% das organizações preveem implementar IA até o ano de 2026, despontando como a principal tendência, seguida por IA Generativa, que representa 76%. Essa incessante busca por uma direção comum, algo que frequentemente testemunhamos quando surge uma novidade – e agora, o foco está na IA – levanta a reflexão sobre se não estaremos novamente envolvidos em uma corrida sem uma linha de chegada claramente definida, assim como tem sido e continua sendo a jornada da indústria financeira em direção à inovação e transformação digital. Anualmente, mais de USD 650 bilhões são investidos em tecnologias por essas instituições, no entanto, devido à falta de compreensão do real desafio que precisam enfrentar e solucionar, como por exemplo a complexidade de seus sistemas legados, o progresso inovador ocorre de forma bastante lenta. Percebo que a implementação da Inteligência Artificial apresenta um vasto potencial e desbloqueia diversas oportunidades, contanto que seja direcionada para resolver questões concretas, e não apenas adotada isoladamente. Observo que, frequentemente, sua aplicação se concentra em aspectos triviais, o que reforça minha convicção de que, semelhante à transformação digital, muitos ainda não compreendem plenamente o verdadeiro poder dessa tecnologia e como utilizá-la de maneira a potencializar o sucesso dos negócios. A utilização da IA revela-se promissora em diversas áreas dentro do âmbito financeiro, como análise de dados, aprovação de crédito, segurança de informações sigilosas, análise de comportamento e satisfação do cliente, entre outros. Esta ferramenta potencializa a tomada de decisão, possibilitando que bancos, fintechs, traders e seguradoras analisem enormes quantidades de dados em tempo real, identificando padrões e tendências ocultas a olho nu, melhorando a capacidade de previsão em um mercado volátil. Já seu modelo generativo pode impulsionar o desenvolvimento de novos serviços financeiros, facilitando a inovação e a adaptação a novas demandas, alimentando uma tendência cada vez mais difundida no setor financeiro: a hiperpersonalização de produtos e serviços. A experiência do cliente é um dos pilares fundamentais para o sucesso de qualquer empresa, e um dos diferenciais esperados por eles é justamente ter acesso a serviços personalizados e serem bem assistidos. Com estudos gerados com uma IA bem equilibrada, já é possível entender o comportamento e oferecer ofertas e serviços financeiros que atendam no detalhe a necessidade e preocupações de cada um. Vivenciamos um período de aumento na inclusão financeira no Brasil. Enquanto no passado, produtos e serviços financeiros eram personalizados para pessoas com maior poder aquisitivo, atualmente, a Inteligência Artificial generativa consegue não só selecionar produtos, mas também ter conversas educativas com clientes cuja renda impede a colocação de uma pessoa física para fazer isso. A entrada da IA e a demanda por produtos cada vez mais personalizados na indústria financeira são tendências que obrigam todos a estarem atentos e caminhando para uma inovação certeira. O futuro é agora, e a revolução da IA está moldando o caminho para uma transformação sem precedentes no setor financeiro. Reforço que, para que este investimento seja bem-sucedido, será fundamental que os líderes comecem a compreender claramente quais são os problemas reais que necessitam ser solucionados e onde a IA terá impacto, como gastos operacionais e capital. *Julián Colombo é fundador e CEO da N5, empresa de software para indústria financeira. Com mais de 25 anos de carreira no setor bancário, se destacou em sua passagem pelo Banco Santander, onde ocupou cargos corporativos globais e cargos executivos locais em mais de cinco países. Passou a integrar o Comitê de Direção Comercial do Grupo Santander após ter sido Diretor Global de CRM, Inteligência de Negócios e CT. Julián é formado em economia e jornalismo pela Pontifícia Universidad Católica Argentina (UCA). |
UMA CORRIDA SEM LINHA DE CHEGADA: A IA PODE DEFINIR O FUTURO DO SETOR FINANCEIRO? por Julián Colombo
Deixe um comentário
Deixe um comentário