Depois do debate entre Trump e Biden no dia 27 de junho em Atlanta, Estados Unidos, os comentários de que o atual presidente não possui condições de continuar na Casa Branca se fortaleceram ainda mais. A comparação que se faz entre os dois concorrentes é com relação à idade. O candidato Democrata está com 81 anos e seu concorrente Republicano com 78.
Essa diferença de 3 anos poderia ser crucial para determinar o vigor de cada um para assumir responsabilidade dessa magnitude. Será, entretanto, que o problema reside mesmo na idade? Ter idade avançada não tem sido empecilho para estar no comando de um país. Fiz uma rápida pesquisa para verificar quais são os líderes mais idosos no mundo atual.
Governantes mais longevos
Em primeiro lugar está Paul Biya, presidente da República de Camarões, com 91 anos. Ele dirige o país desde 1982. Na segunda posição, com 88 anos, temos o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Em terceiro no pódio, com 88 anos, posiciona-se Salman bin Abdulaziz Al Saud, rei da Arábia Saudita. Em quarto o Papa Francisco, soberano do Estado da Cidade do Vaticano, com 87 anos. Em quinto, para fechar esta rápida lista, Harald V, rei da Noruega, com 87 anos.
Se quiséssemos esticar um pouco mais a relação daqueles que ultrapassam a idade de Biden, poderíamos incluir pela ordem Ali Khamenei, líder Supremo do Irã, com 85 anos. Mishal Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, Emir do Kuwait, também com 85. Michael D. Higgins, presidente da Irlanda, com 83 anos. Sergio Mattarella, com 82 anos, presidente da Itália. E, fechando o rol, só para nos atermos aos dez primeiros, Nangolo Mbumba, presidente da Namíbia, também com 82 anos.
O problema não é a idade
Pois é, todos esses acima dos 81 anos de Biden. Portanto, a idade não tem sido obstáculo para que as pessoas assumam a liderança das nações mais importantes do mundo. O problema está no estado de saúde do governante. Biden demonstra fragilidade física e mental há um bom tempo. Seu comportamento, até de forma maldosa, tem sido motivo de chacota dos adversários.
Ele tropeça nos degraus da escada do avião. Lê avisos que deveriam servir apenas para indicação em seus discursos, como, por exemplo, “fim da citação”, “repita a frase”. Estica o braço para não cumprimentar ninguém. Troca o nome das pessoas. Fica parado sem saber para onde ir. Essas são apenas algumas das demonstrações de como se comporta.
Foi muito mal
No último debate, Biden teve dificuldade para construir as frases e falou com voz debilitada. A assessoria da Casa Branca explicou que ele estava se recuperando de uma forte gripe. Talvez até seja verdade, mas a impressão que passou para os eleitores foi a de que ele se encontra enfraquecido para essa disputa.
Por esse motivo, se discute tanto hoje a possibilidade de que seja substituído por um candidato mais vigoroso, em condições de enfrentar Donald Trump. O ex-presidente também atingiu idade avançada, mas, mesmo acima do peso, demonstra estar mais bem fisicamente. Por isso, para se contrapor ao outro debatedor, fez questão de mencionar os exames médicos que realizou, e que apresentaram ótimos resultados.
Forte pressão
Além de alguns Democratas, também os financiadores da campanha estão insistindo para que ele abandone a corrida presidencial. O melhor nome para substitui-lo seria o de Michelle Obama. As pesquisas mostram que a ex-primeira-dama venceria Trump com folga, mas ela já afirmou que em nenhuma hipótese entraria nessa disputa. Outros nomes começam a surgir. Nenhum deles, todavia, consegue fazer frente ao do Republicano.
Esse é um dilema para os Democratas. Se Biden continuar nessa luta, provavelmente perderá as eleições. Se for substituído, o partido estará confessando seu erro em ter apoiado com tanta insistência um candidato inviável. Ou seja, teriam escondido dos eleitores uma realidade tão visível.
É experiente
Biden tem muita experiência. Talvez o mais experiente político em atividade nos Estados Unidos. Ele deseja participar de outro debate, pois tem certeza de que vencerá seu oponente. Se fizer uma relação de suas realizações e se ativer aos seus feitos, defendendo seu governo com firmeza e convicção, pode ser que apague a impressão negativa que deixou.
Se, entretanto, entrar no jogo de Trump, tentando apenas se defender dos ataques que recebe, tomará decisão equivocada. Nesse caso, poderá entregar a faixa ao concorrente. Em breve saberemos. Em política tudo é possível. Tudo mesmo.
Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de Oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão de Marketing e Comunicação, Gestão Corporativa e MBA em Gestão de Marketing e Comunicação na ECA-USP. Escreveu 35 livros, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram: @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no https://reinaldopolito.com.br/home/