Nas eleições parlamentares do último domingo (7), os franceses evitaram o avanço da extrema-direita no país. É importante destacar que uma coligação de forças progressistas deteve o extremismo e suas ameaças nas eleições legislativas. Figuras influentes, incluindo o ex-jogador brasileiro Raí, lideraram a defesa dos valores democráticos contra o neofascismo.
O Brasil viveu nos últimos anos o retrocesso da extrema-direita. Para piorar, em tempos de pandemia. O negacionismo à ciência, por exemplo, acabou contribuindo para muitas mortes entre as mais de 700 mil vítimas da covid-19 no país.
Infelizmente, os brasileiros foram inundados por conteúdos falsos e discursos de ódio nas redes sociais, algo que também estava ocorrendo na França. Sites e perfis que disseminam fake news estão espalhados por toda parte.
Muitos dos problemas vividos pela França também estão presentes no Brasil, com ameaças aos pilares do estado democrático de direito. Não podemos esquecer também da equidade de gênero, enfrentamento à violência e à misoginia, e justiça climática. Não é exagero dizer que o último domingo foi um importante dia cívico e que os resultados das eleições parlamentares da França devem servir de inspiração para a América do Sul, onde o perigo da extrema-direita ainda persiste.
Enquanto os franceses iam às urnas no domingo para impedir o avanço da extrema-direita, aqui era organizado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro o evento CPAC Brasil, inspirado no Conservative Political Action Conference (CPAC), evento que reúne nomes do conservadorismo dos Estados Unidos em congressos anuais desde 1973. Em Santa Catarina, o presidente da Argentina, Javier Milei, recebeu do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro uma medalha dos três “Is”, que significam “imorrível, imbrochável e incomível”. O ato simboliza muito o comportamento da extrema-direita.
Que a grandeza e a maturidade das forças políticas da França inspirem outras nações espalhadas pelo mundo. É fundamental que as mulheres participem mais dos setores da academia, do empreendedorismo e da sociedade civil, e, claro, da governança global, em iguais condições às dos homens.
Tanto o Brasil quanto a França têm o dever de serem protagonistas na construção de um mundo justo e um planeta sustentável, por meio de acordos que promovam desenvolvimento econômico e social global. Isso não é possível a partir de pensamentos extremistas e que excluam qualquer parcela da sociedade. Um princípio básico é defender os direitos e a liberdade do povo, por isso o resultado das eleições do último fim de semana na França foi tão importante.
Os desafios são muitos e a luta deve ser permanente. Mas o caminho está posto.