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A desmoralização das tornozeleiras eletrônicas – por Antoninho Rossini

As tornezeleiras eletrônicas, quando foram introduzidas como um instrumento para garantir segurança e cumprimentos de sanções aos fora da lei, está se transformando em piada. No âmbito da bandidagem comum, uma das cenas mais bizarras e dignas de gozação ocorreu quando a polícia deteve um marginal que já era portador de duas peças, uma na perna direita e outra na perna esquerda. Se nessa última detenção a decisão for colocar mais uma tornezeleira, esta terá que ser instalada num segundo andar da perna esquerda ou direita. Se continuar assim, pode-se imaginar que essa peça será mais um pingente de bandidos, juntamente com seus relógios caros e pulseiras de ouro maciço, sem que seja preciso comprovar suas origens.  Numa hipótese mais criativa poderia ser colocada, de alguma forma, num dos braços do delinquente, mas com um design compatível com a personalidade do dito cujo infrator – é o que tudo leva a crer. O que isso significa? Significa que tornezeleiras chegaram ao nível zero de credibilidade e símbolo de proteção aos cidadãos de bem.

Num outro nível, este focando os crimes ou infrações de crime de colarinho branco ou de gente do poder, as tornozeleiras eletrônicas seguem seu mesmo destino: a desmoralização. Vide o que ocorreu com a do ex-presidente Fernando Collor de Mello recentemente e o que acontece com alguns políticos, que as desativam sem cerimônia. E depois, toca baixar portarias, investigações e apurações de responsabilidades, tudo com devido dinheiro público. Não faz muito tempo, um passageiro de taxi pediu ao motorista que o levasse até o município de São Bernardo do Campo. De repente o taxista para o veículo e avisa o passageiro: “Desculpa, vou ter que deixar o senhor por aqui porque a minha tornezeleira eletrônica está dando sinal de que estou passando do limite geográfico que estou autorizado a me locomover”. Nem é preciso descrever o estado emocional do cidadão que precisava estar numa reunião de negócios.  

 Diante desse cenário, o brasileiro a tudo assiste com o sabor da desesperança. 

Mas inovações nesse campo da bandidagem estão evoluindo muito. Agora, os profissionais do crime estão assaltando e matando protegidos por coletes à prova de bala. Isso mesmo, coletes especiais, comprados no mercado, emprestados ou alugados, essas de segurança estão dando mais coragem aos covardes que matam e enlutam famílias. Este é mais um capítulo dos nossos dias.

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