Em todo mundo, a Cannabis, é uma das plantas que mais causam contradição. A utilização dessa planta com finalidades terapêuticas ocorre há séculos, e os primeiros registros históricos, advém do Oriente, e a constatação do uso foi descrito por achados arqueológicos e registros antigos na China. Em consequência do abuso e do uso indiscriminado recreativo, a planta foi proibida em praticamente todo o ocidente, o que acarretou sérias consequências para a saúde da população mundial.
Vale lembrar que o Óleo de Cannabideol “CBD” é um fitoterápico que funciona para o bem e tem o mínimo de Tetrahidrocanabinol “THC” que é responsável pelos efeitos alucinógenos, psicoativos, neurotóxicos e causador da dependência quando da utilização da maconha inalada ou deglutida. O Óleo“CBD” vem da planta de cannabis. As pessoas se referem às plantas de cannabis como cânhamo ou maconha, dependendo do seu nível de “THC”. As plantas de cânhamo que são legais sob a lei agrícola devem conter menos de 0,3% de “THC”.
Nosso corpo humano produz certos canabinóides por conta própria. Todos os canabinóides, incluindo o “CBD”, produzem efeitos no corpo, ligando-se a certos receptores chamados de CB1 e CB2 presentes no nosso organismo.
Em países onde é permitido o uso terapêutico da Cannabis, como Holanda e Bélgica, é utilizada para alívio dos sintomas relacionados ao tratamento do câncer, da AIDS, da esclerose múltipla e síndrome de Tourette. Algumas doenças classificadas como crônicas e/ou degenerativas, dentre elas: epilepsia, transtorno do espectro autista (TEA), parkinson, esclerose múltipla (EM), esclerose lateral amiotrófica (ELA), alzheimer, câncer, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), glaucoma, dor crônica, fibromialgia, transtorno de ou do déficit de atenção (TDAH) e distúrbio da alimentação, podem ter os sintomas significativamente atenuados, devido a ação homeostática provocada no organismo.
Na odontologia seus benefícios se aplicam em diminuir a ansiedade frente a um tratamento dentário, diminuir a náusea ( antiemético), tem potencial terapêutico para o tratamento de bruxismo, dor orofacial, recuperação pós-cirúrgica de forma a atuar na regeneração de tecidos orais lesionados por trauma ou patologia, através da ativação do sistema imunológico. Conclui-se a aplicabilidade do Óleo de Cannabideol na Odontologia, devido ao potencial regenerativo, cicatricial, anti-inflamatório, ansiolítico, analgésico. O estabelecimento de posologias varia para cada paciente dependendo do seu peso e deve ser feita a posologia ajustada e indicada pelo profissional responsável pelo caso.
Um dos antimicrobianos mais utilizados na odontologia para uso tópico é a clorexidina. Ela e considerada muito eficaz mesmo tendo efeitos colaterais como manchamento dos elementos dentários e alteração no paladar, por esse motivo não pode ser utilizada com frequência, já os compostos da cannabis não apresentam tais efeitos, além de se mostrarem muito eficazes na atividade antibacteriana contra os organismos causadores da doença cárie, eles demonstraram ter um efeito muito parecido com o da clorexidina com mais segurança por ser um produto natural.
O uso medicinal do “CBD” não causa dependência por se tratar de um fitoterápico e pode substituir medicações fortíssimas em alguns casos de dores fortes a base opiódes, que podem causar dependência.
Com relação aos efeitos colaterais de seu uso, muitos estudos em pequena escala analisaram a segurança do “CBD” em adultos. Eles concluíram que os adultos tendem a tolerar bem uma ampla gama de doses. Os pesquisadores não encontraram efeitos colaterais significativos no sistema nervoso central , nos sinais vitais ou no humor, mesmo entre as pessoas que usavam doses altas. O efeito colateral mais comum é cansaço . Além disso, algumas pessoas relatam diarréia e alterações no apetite ou no peso.
No Brasil, o uso do óleo de CBD para fins medicinais é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a venda de medicamentos e produtos em farmácias desde 2015, inclusive pode ser obtido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) previsto na lei 17.618/23 dentro da Secretaria de Saúde.
Com relação aos riscos, ainda faltam dados de segurança disponíveis a longo prazo. Além disso, até o momento, os pesquisadores não realizaram estudos envolvendo crianças.
O “CBD” está contra indicado para gestantes, lactantes, adolescentes, crianças e pessoas que operam máquinas ou vão dirigir.
Muitas pesquisas sobre o mecanismo de ação e eficácia terapêutica continuam enriquecer a literatura atual desmistificando o óleo de CBD e desconstruindo pensamentos preconceituosos e conservadores, desenvolvendo uma visão mais naturalista da planta cannabis sativa com o objetivo de construir na odontologia praticas mais humanizadas de tratamento que leve aos pacientes qualidade de vida e longevidade.
Aonio Genicolo Vieira