É cada vez mais constante o volume de pessoas que me procuram (estaria aí a oportunidade de um novo negócio?), para uma conversa “rápida” sobre como construir um Business Club (leia-se, 14 anos de construção da minha história nesse mercado, nada rápido).
O fato é que esse movimento me surpreende, especialmente porque a narrativa é sempre muito parecida. Alguém se percebe, ou é reconhecido verbalmente pelos outros, como uma figura aglutinadora, responsável por boas conexões. Essa boa rede, somada a alguma aptidão de aproximação de pessoas e oportunidades, começa a ganhar corpo com pequenos encontros ou um grupo no WhatsApp. Há uma base, que entendo como uma matriz que valida esse processo, de pessoas que garante quórum e gratidão ao movimento.
Nesse momento, o que era algo até então informal acompanha cifras e esse núcleo duro paga. E aí o jogo muda. Onde há dinheiro, existe expectativa; onde há vendas, existem promessas; e junto com tudo isso vem o movimento natural das comunidades: ritmo, rotina, rituais.
Tudo isso é promissor e bastante legítimo, mas aqui chegamos ao meu ponto de reflexão: o entusiasmo leva a esse primeiro movimento, e as dúvidas e incertezas abarcam todos os passos seguintes.
Empreender é sobre imprevisibilidade e não é isso que está em questão, mas a crítica fica pelo modo como reduzem a construção e gestão da comunidade ao movimento que apenas corresponde ao “ponta pé inicial” e que não define a jornada.
É sobre trazer as pessoas e construir uma jornada para que elas fiquem. O jogo do membership nunca está ganho. Vai haver churn, porque, menor que seja, mas sempre haverá vazão, e os inúmeros motivos levam às tentativas de aparar as arestas. Se alguém saiu pelo valor, hora de rever o investimento; outro alega qualidade do público, e vem a dúvida de onde pode estar a falta de qualidade da base; outros questionam entrega, identidade, jornada. Isso considerando o churn, ou seja, um movimento futuro como indicador, mas não é necessário olhar para ele nesse momento; essas variáveis acima trazem prioridades de planejamento a curto prazo.
É um processo que requer clareza de produto, público, entregáveis, jornada, comunicação, tudo isso guiado por uma operação dedicada, eficiente, com métricas viáveis de mensuração, como vendas, e outras desafiadoras, como engajamento e expectativa.
É preciso conhecer o mercado. O público que define como alvo, transita hoje em outras comunidades de networking? Por quê? Como entregar algo mais valioso e relevante?
Pessoas. O desafio sempre são as pessoas. O que as leva para um business club é o desejo de pertencer. A motivação inicial é o entusiasmo, mas o processo se torna mais racional e o desafio surge: a empolgação precisa ser substituída pelo pertencimento; sem ele, não há engajamento. Sem engajamento, não há comunidade.
Então, você aí, que pensa em criar seu Business Club, te apoio e dou boas-vindas ao mercado, mas antes de emitir sua primeira nota fiscal, se questione: você está pronto para monetizar networking e expectativa?
É tudo sobre pessoas. Tudo.
Laís Macedo, empresária e Presidente do Future is Now