Esta quinta-feira, dia 16 de maio de 2024, vai ficar marcada para sempre na história da Crônica Esportiva Brasileira. É que, em menos de vinte e quatro horas, três de seus nomes mais importantes, faleceram. O narrador Silvio Luiz (Olho no lance!), Antero Greco (o grande parceiro do Amigão Paulo Soares, na ESPN Brasil) e Washington Rodrigues, o eterno Apolinho. A notícia explodiu em todos os meios de comunicação do País, e emocionou não só seus colegas de profissão, mas, especialmente, seus milhares e milhares de fãs, espalhados por todo o território nacional.
Com certeza, os três foram profissionais de altíssimo nível e super valorizaram os veículos de comunicação onde trabalharam. Como velho cronista esportivo, conheci os três. Mais o Silvio e o Antero, que trabalharam comigo na imprensa esportiva paulista. Mas também convivi em excursões da Seleção Brasileira de Futebol e em algumas Copas do Mundo, com o carioca Washington Rodrigues, o Apolinho. Em razão disso, vou atender o pedido do meu amigo Fausto Camunha e falar um pouco mais de cada um deles. Me acompanhem.
Vou começar pelo Silvio Luiz, com quem convivi na TV Record, quando lá estive ao lado de Flavio Prado e Milton Peruzzi. Ali o conheci mais de perto, e pude bater vários papos com ele sobre arbitragem (ele foi juiz de futebol) e sobre esporte na tv. Foi ele que, um dia, quando recebi um convite para ser repórter de campo da Rádio Bandeirantes, me disse:”não perca essa chance. Você vai se consagrar”. Eu fui e realmente ganhei prestígio que ele previu. Mas voltemos ao Silvio. Ele nasceu Sylvio Luiz Perez Machado de Souza. Começou a trabalhar na tv por influência de sua irmã, Verinha Darcy, que já era atriz da TV Record. Foi repórter de campo, comentarista e narrador de tv. Na Record, ainda teve um momento de ator e participou de duas novelas da casa. Também teve um período em que fez o curso de arbitragem da FPF e foi trabalhar como juiz de futebol. Não ficou muito tempo, porque, sua paixão mesmo, sempre foi ser narrador.
E foi como narrador que ele ganhou fama, foi cobrir Copas do Mundo e transformou-se num dos maiores profissionais da locução esportiva da tv brasileira. Como eu costumo dizer. Na narração, Silvio Luiz era um “monstro”. E conforme seu prestígio cresceu, mais ele aumentou o número de bordões que costumava usar em suas transmissões. Você deve lembrar de alguns deles, como “Está valendo!, “Pelo amor de meus filhinhos”, “Olho no Lance”…”Confira comigo no replay” ou “Foi, foi, foi ele…o craque da camisa…” Silvio era casado com a cantora Márcia, com quem teve três filhos: Alexandre, Andréa e André. Ele trabalhou nas TVs Record, Bandeirantes, Excelsior, SBT e Paulista. Silvio era torcedor do São Paulo. Era paulistano e tinha 89 anos.
Antero Greco ganhou prestígio na imprensa escrita. Mas sua fama cresceu muito a partir do momento em que ele passou a apresentar o programa SportsCenter, na ESPN Brasil. Era um programa noturno sobre as notícias esportivas do dia, e o apresentador era Paulo Soares, o Amigão. A dupla era muito descontraída e o programa, por causa disso, ganhou enorme audiência. Mas Antero também foi muito bom no jornalismo escrito. Ele começou como revisor do Estadão. Depois virou repórter, chefe de reportagem e editor de esportes do mesmo jornal. Talentoso e formado na USP, tinha muito bom texto. Em razão disso, recebeu vários convites para trabalhar em outros jornais e o fez com a mesma competência.
Trabalhou no DIário Popular, no Popular da Tarde e na Folha de São Paulo, e foi responsável pelas colunas Antero Greco, jornalista (no Facebook), Blog Vira Mundo (no Estadão) e também escreveu colunas no Popular da Tarde e Diário Popular. Na tv, participou de uma equipe esportiva da Bandeirantes que era integrada por Edgard de Melo Filho, Paulo Luiz Pedicelo e o próprio Antero. Descendente de italianos, era um apaixonado pela Itália. Como pessoa, era muito educado, ria muito, tinha ótimo humor, mas era muito sério e cuidadoso na hora de trabalhar. Em todas as redações em que esteve, deixou muitos amigos. Tinha 69 anos e nasceu no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Era palmeirense de coração (talvez pela origem italiana).
E para finalizar, vamos falar um pouco do Washington Carlos Nunes Rodrigues, ou, simplesmente, Washington Rodrigues (seu nome de guerra). Ele tinha 87 anos, era casado e tinha três filhos e sete netos, que eram uma de suas paixões. As outras eram o Flamengo e o rádio esportivo, onde se consagrou como um dos melhores da profissão no Rio de Janeiro (depois sua fama se estendeu pelo resto do Brasil). Trabalhou na Rádio Guanabara depois Rádio Bandeirantes). Ali, o narrador Celso Garcia, lhe deu o apelido de Apolinho, porque ele usava um microfone que parecia com os utilizados pelos astronautas da nave Apolo 11. Um de seus maiores amigos na imprensa esportiva foi o então repórter Kleber Leite, com quem chegou a formar famosa dupla nos gramados do Maracanã. Kléber virou empresário, ficou rico e elegeu-se presidente do Flamengo.
Washington, que também era flamenguista, foi junto para ser diretor de futebol do Mengão. De repente, Kleber lhe fez um convite: “você não quer ser técnico do Flamengo”? Apolinho aceitou. Mas como técnico, ele não mostrou o mesmo talento que tinha como repórter ou comentarista esportivo. Em vinte e seis jogos como treinador do Flamengo, ganhou 11 jogos, empatou 8 e perdeu 7. Sò brilhou mesmo na disputa da Supercopa dos campeões da Libertadores, em 1985. Ficou em segundo lugar, porque perdeu o jogo decisivo para o Independiente, da Argentina, que levantou a taça com méritos. Depois disso, Washington voltou para o microfone como comentarista até ficar doente e ser internado por esse motivo. Washington Rodrigues era carioca e tinha muito orgulho disso. Era, como disse, um flamenguista apaixonado. Mas sempre foi muito imparcial quando empunhou os microfones das emissoras para quem trabalhou.