Moro num apartamento de 3 quartos. Um do casal, outros dois que pertenciam a cada filho. E como já cresceram e partiram para suas próprias vidas, acabam se tornando…quartos de despejo.
O que pertencia à Dani, ainda é bem utilizado quando recebemos convidados para um pernoite. Mas o do Alê…
Sabem como é…
– Onde eu ponho essa caixa? pergunta a Fátima, nossa secretária há mais de 30 anos.
– Põe no quarto do Alê.
– Onde ponho esse colchonete?
– Põe no quarto do Alê.
E assim as coisas vão se acumulando, com toda sorte de objetos, livros, fotos, documentos – inclusive os referentes à cafetina, digo Receita Federal, notebook, o velho e o novo, centenas de fotos, dezenas de remédios e CDs, CDs, CDs, e mais e mais CDs!
Nos últimos 14 anos, período que moramos no apartamento, várias tentativas de organizar a bagunça.
– Vamos começar pelas fotos. Têm várias repetidas. Diz a patroa.
Pegamos a escada – um perigo para velhos – e iniciamos o transporte das várias caixas.
Iniciamos a seleção.
– Esta fica. Esta joga fora. Esta também, lixo! E por aí vai.
Só que nunca tivemos coragem de jogar um única foto fora. Sabem como é… não vou jogar meus filhos no lixo, diz a Cris. Nem eu, digo em cima.
E lá permanecem até hoje. Eu é que não vou cometer essa atrocidade.
– Ok, ok! Diz a Cris. Mas e esses CDs? Atualmente você só ouve as playlists!
Concordo com ela. Mas aí… começa um novo drama. Cada CD tem uma história e, acreditem, lembro perfeitamente do lugar onde comprei!
Será que, quando eu for chamado pelo Criador, ficarei livre desse drama?
E os meus descendentes, o que decidirão?
FRASE DE BOTECO
Impressionante como os velhos gostam de guardar…velharias.
Dalton Reichstag