Vivemos num solo abençoado. Fértil e generoso. Aqui, perceberam os colonizadores, “em se plantando, tudo dá!”. É uma credencial espontânea e gratuita, para que o Brasil se torne outra vez a promissora potência verde.
Em tempos de geopolítica obnubilada por autoritarismos, é hora de mostrar que o brasileiro leva a sério a mensagem que a natureza endereça aos mortais. Cansados de alertar a sociedade dos homens quanto aos perigos decorrentes dos maus-tratos infligidos ao ambiente, os cientistas se contiveram. Acham que foram tímidos demais, discretos demais. Deveriam ter sido mais alarmistas.
Mas quem fala hoje é a natureza. E ela está muito ressentida. Manda chuvas inclementes, que causam enxurradas, enchentes e mortes. Também, pudera: não há terra suficiente para que a água cumpra sua função de prover os lençóis freáticos. Tudo asfaltado, tudo concretado. É urgente devolver à natureza tudo aquilo que pertence a ela e que, bem cuidado, continuará a nos servir.
Plantemos árvores. A melhor tecnologia para atenuar as temperaturas elevadas que causam ondas de calor, que causam mortes.
A missão de cada humano responsável nesta era caótica deve ser semear, ver germinar, formar mudas, cuidar delas, replantar. Ocupar todos os espaços ainda disponíveis – e eles são muitos – com novas árvores. O Brasil precisa de milhões de árvores. Talvez mais de um bilhão. E há terra deteriorada, dizimada, onde o verde foi exterminado, em todos os municípios.
Convençamo-nos de que temos a obrigação de repor o que saqueamos à Terra. Disso depende o futuro da vida. As novas gerações têm a sobrevivência condicionada à nossa presente sensatez. Assumamos este encargo. Além do mais, ele é prazeroso. Semeemos vida sobre a face da Terra. Vale a pena e nos oferece a deliciosa sensação do dever cumprido.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.










