Se a apresentadora e empresária Ana Hickmann desejou, com a entrevista exclusiva para a Rede Record no último domingo esclarecer suas sérias desavenças com o marido e sócio Alexandre Correa, não foi tão feliz. O fato continua ganhando cada vez mais espaço nos meios de comunicação e promete continuar por um bom tempo ainda. Uma pessoa pública, querendo ou não, tem o dever moral de prestar esclarecimentos. Pensando assim a apresentadora agiu corretamente. Mas, os hiatos provocados por ela durante a entrevista são, no mínimo, estranhos. Durante essa, que foi a sua primeira entrevista após os acontecimentos que foram parar na polícia ( e agora na justiça) a apresentadora, visivelmente emocionada, embora perguntada, deu saltos na sua narrativa com respostas repetitivas ( ou evasivas). Dessa forma, “embolou” o raciocínio de quem gostaria de criar um juízo de valor sobre esse lamentável acontecimento. Conhecida, respeitada e vitoriosa, Hickmann poderia ter sido mais bem orientada. Usou sua voz, imagem e cenário para esclarecer pontos não conhecidos envolvendo sua vida conjugal e empresarial. De relevante e real a entrevista deixou como saldo o fato (consistente) sobre sua separação. Hickmann recorreu à Lei Maria da Penha. Com isso não sobra dúvida de que o convívio familiar já vinha sofrendo desgaste sem retorno. Quanto à vida empresarial, a apresentadora afirmou sobre indícios que comprovam descaminho de recursos financeiros da Hickmann Serviços, administrada pelo seu marido e até assinaturas falsas em documentos. Claro que durante a entrevista não precisaria mostrar documentos para atestar suas afirmações já que a demanda se encontra em segredo de justiça. Sendo verdadeiras as acusações, ela deveria oferecer indícios mais consistentes. Talvez quando falasse de valores, de negociações escusas, mesmo que fosse numa linguagem metafórica – ela é profissional de comunicação – conquistaria mais os telespectadores. Isso não ocorreu; pelo contrário. A forma como as mensagens foram passadas neste último domingo infere-se dúvidas e até podem servir para alimentar a estratégia de defesa do seu ex-sócio e marido. Outro detalhe fora de contexto foi falar sobre sua infância tendo que conviver numa família cujo pai era abusivo e truculento.
No caso Hickmann e Alexandre caberá à Justiça ouvir os argumentos das partes envolvidas e aguardar salomonicamente uma solução. Mas é de bom tom aguardar – aguardar no sentido de tempo.
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