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Fim de ano: A vida não muda com datas, muda com decisões – por Bruna Gayoso

O fim do ano cria um eclipse emocional que muita gente tenta evitar. É o momento em que a sensação de fracasso aparece, mesmo que ninguém admita. É quando você percebe que 2025 não saiu como imaginou: metas ficaram pelo caminho, planos não avançaram, e a versão de si que você sonhou não se materializou.

E isso pesa. Pesa no corpo, pesa na mente, pesa na autoestima. Aumenta a ansiedade, ativa culpas antigas, faz você se comparar, questionar, se diminuir. O fim do ano não machuca porque acabou. Machuca porque expõe aquilo que você adiou por medo, por insegurança ou por comodismo.

E para aliviar essa dor, muitos recorrem ao mesmo roteiro emocional de sempre: “Já que não fiz este ano, faço no próximo.” Essa frase parece leve, mas é uma fuga. É a fantasia de que o calendário vai fazer por você aquilo que você não faz por si. Só que o calendário não carrega poder nenhum.

O ano vai mudar, mas é só uma data simbólica do calendário. E você vai continuar igual.

Se você não muda, sua vida não muda. Se você não se movimenta, nada se movimenta. E aí vem fevereiro, março, abril, e a mesma sensação reaparece: “Mais um ano e eu continuo no mesmo lugar.”

Mas por que isso acontece?

Porque muita gente espera que tudo aconteça sem que faça nada de concreto. O sujeito quer resultados grandes, mas mantém comportamentos pequenos. Quer transformação, mas evita a responsabilidade. Quer mudança, mas permanece imóvel dentro da própria vida.

Movimente-se. Mude. Comece pequeno. Mas mude.

E aqui entra um ponto que muita gente precisa ouvir, inclusive você, leitor:

Toda conquista exige renúncia.

Você quer trocar o carro? Ótimo. Mas lembre-se: isso implica dívida, organização, planejamento e prioridades. Você só vai pagar se se empenhar. Vai ter que abrir mão de excessos, controlar impulsos, reorganizar gastos, dizer “não” para algumas coisas, suportar desconfortos.

Não adianta culpar o universo, o mundo ou a “falta de sorte”. A responsabilidade é sua. E é justamente isso que amadurece o sujeito: a capacidade de assumir o peso das próprias escolhas.

Para conseguir algumas coisas, você vai ter que abrir mão de outras. Não existe evolução sustentada sem renúncia. Não existe saúde mental forte sem responsabilidade. E a pergunta que precisa ecoar dentro de você é simples, direta e inadiável:

Você está disposto a abrir mão do que precisa para conquistar o que deseja?

Essa reflexão vale para o carro, para o corpo, para o relacionamento, para o trabalho, para a vida. Todo desejo exige esforço. Todo objetivo exige renúncia. Todo crescimento exige desconforto. E é exatamente aqui que muitos travam, porque querem o resultado, mas não querem o processo.

A psicanálise aponta que o sujeito adoece quando vive em fantasia, esperando mudanças grandiosas sem transformar o mínimo. É o comodismo que adoece. É a paralisia que machuca. É a espera passiva que corrói a autoestima e alimenta a sensação de incapacidade.

Por isso, antes de culpar o ano ou o destino, faça as perguntas que realmente movem a vida:

Eu estou onde eu queria estar?

O que eu estou fazendo de errado?

O que eu preciso melhorar?

Quem eu quero ser?

O que eu preciso fazer, de verdade, para me tornar essa pessoa?

Perguntas que tiram da ilusão e colocam no real. Perguntas que quebram o ciclo da autossabotagem. Perguntas que você precisa encarar sem anestesia.

O fim do ano não é o problema. O problema é quando você coloca sua própria vida na mão do calendário e esquece que mudança é consequência de atitude, não de esperança.

O ano novo não transforma ninguém. O que transforma é a decisão diária de ser responsável por si mesmo, de abrir mão do que atrapalha, de sustentar o que importa.

No fim das contas, a verdade é simples e direta: não é o ano que precisa mudar. É você.

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