O clima do planeta está nervoso.
Realmente, vivemos um tempo de aquecimento e mudanças climáticas que está transtornando gravemente a vida humana e dos outros seres vivos, animais e vegetais, que coabitam conosco essa nossa “Casa Comum”, como diz o Papa Francisco.
O aquecimento global foi anunciado pela ciência há mais de 40 anos.
De lá pra cá, apesar de toda a evolução do conhecimento sobre o evento, e todos os alertas dados pelos cientistas, climatologistas, meteorologistas, ambientalistas e outros ativistas políticos e sociais, a situação só piorou.
Hoje há um consenso quase total da causa do aquecimento global e sua consequência principal, as mudanças climáticas.
O IPCC é o órgão da ONU que congrega milhares de cientistas de todo o mundo, e que acompanha as pesquisas, os artigos, as propostas científicas e técnicos para prevenir e combater o aumento da temperatura média do Planeta.
A ciência provou que esse fenômeno é causado pela queima do combustível fóssil (petróleo e derivados), o desflorestamento das matas e a decomposição dos resíduos orgânicos, nessa ordem de importância, que libera gases (CO2, CO, metano e outros), que ao se acumularem na atmosfera, produzem o chamado “efeito estufa”, aquecendo o ar, o mar e o solo, aumentando gradativamente a temperatura média do Planeta, que já atingiu 1,5°C a mais desde meados do século XIX.
Esse aquecimento é o autor das mudanças climáticas que estamos vivendo e sofrendo.
Os cientistas, que acertaram na causa, erraram no cronograma. Avaliaram que os fenômenos climáticos extremos viriam só na 2ª metade do século XXI.
Mas as coisas se adiantaram e esses fenômenos extremos graves e violentos, repetem-se hoje em todas as partes do mundo.
Esses eventos são chuvas excessivas, tornados e furacões frequentes, cada vez mais destrutivos, estiagens e secas prolongadas, calor extremo e ondas de frio fora de época, desertificação progressiva, alteração da biodiversidade com extinção de espécies, no mar e na terra, quebra na produção de alimentos, destruição por enchentes nas cidades e no campo, produção de doenças, viroses, cardiopatias, psicopatias e outras, migrações enormes e tantos outros transtornos.
E a consequência prática disso???
É a ameaça concreta à vida no Planeta!
Em 2023 houve 23 episódios graves de fenômenos climáticos extremos no Brasil, com consequências catastróficas para a vida do país. Enchentes, calor, estiagem, queimadas e muitos outros.
Nesse 2024, as previsões são terríveis: chuvas devastadoras no Sul, (já acontecendo), seca intensa na Amazônia (já começando), queimadas devastadoras no Pantanal e Cerrado (já acontecendo), estiagem prolongada no Sudeste (já acontecendo) e calor insuportável em várias regiões do país. Um cardápio completo e sinistro da catástrofe climática que vivemos, será cada ano pior e mais destrutivo. Esse é o nosso “novo normal”.
No mundo não é diferente.
Vemos todo dia a repetição de chuvas e enchentes gravíssimas em todos os cantos do mundo.
Há pouco, cerca de 1300 peregrinos mulçumanos morreram de uma vez em Meca na Arábia Saudita, pelo calor extremo.
O Governo Americano anunciou a previsão de um calor intenso no país, que deverá atingir 150 milhões de pessoas, metade da população daquele país.
No Norte da África a seca prolongada já priva milhões de pessoas de água.
A migração climática já atingiu mais de 500 milhões de pessoas.
São alguns exemplos do tamanho da encrenca que o “nervosismo” do clima está causando.
E daí??? Como ficamos???
Eu vi uma pesquisa que dizia que 97% das pessoas sabem da existência das mudanças climáticas. Mas somente 27% disseram estar dispostas a tomar alguma atitude prática para frear o fenômeno. Então, há uma enorme distância entre a intenção e o gesto.
Parte dos empresários entenderam o perigo e vem tomando medidas para tornarem seus processos produtivos mais sustentáveis, mas podemos dizer que a maioria deles, da indústria, do comércio, dos serviços e da agricultura ainda não de mexeram para mudar sua atividade econômica e torná-la sustentável. Continuam na velha prática de explorar os recursos naturais, tirar deles seus lucros, e devolver à natureza os resíduos resultantes dos seus produtos. Infelizmente!!!
Quanto aos Governos pelo mundo afora, quase todos têm pronto um belo discurso ambiental e climático, mas na prática são lentos ou negligentes com as medidas práticas de políticas públicas para mitigação e a adaptação climática.
O resultado disso tudo é que enquanto o clima caminha a jato com suas perigosas e agressivas mudanças, nós, a humanidade, andamos com lentidão nas condutas necessárias para frear esses fenômenos climáticos que nos atingem.
Não se trata de voltar às cavernas ou brecar o progresso.
Trata-se de ser inteligente e criativo. A sociedade precisa se adaptar política, econômica e socialmente para produzir, consumir, se divertir, enfim viver, sem exaurir o Planeta Terra de seus recursos naturais. Produzir e viver com energia renovável.
Isso é possível!
Então, mãos à obra!!
Gilberto Natalini
Médico e Ambientalista